Rafael Menin, um dos chamados quatro Rs do Atlético, em entrevista à Rádio Itatiaia detalhou os números atuais, envolvendo a bilionária e crescente dívida atleticana - algo como 1.2 bilhão de reais.
Não fosse o dinheiro injetado pela família Menin, e o Atlético já estaria fazendo companhia ao rival Cruzeiro, na série B do Campeonato Brasileiro, há pelo menos dois anos, talvez em condições ainda piores.
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NOVOS TEMPOS
A partir de 2020, com a eleição de Sergio Coelho e José Murilo Procópio, homens de confiança dos mecenas do Galo, o Clube pôde respirar tranquilo a partir da injeção de capital e governança corporativa de excelência.
Além dos títulos inéditos e da posição de melhor time de futebol do País, o Atlético é hoje detentor de extremos respeito e credibilidade, e uma reconhecida liderança política dentre os principais clubes do Brasil.
Porém, para se manter neste elevado patamar, precisa urgentemente equacionar a ‘parte onerosa’ de sua dívida, aquela que suga, apenas em juros anuais, cerca de 60 a 80 milhões de reais (dependendo da variação da Selic).
Com a inauguração da Arena MRV em 2023, prevê-se um incremento na receita, com a consequente diminuição da despesa relacionada a jogos como mandante, além de shows e eventos no novo espaço. Ótimo, não é?
CONTA NÃO FECHA
Igualmente, com o time se mantendo na disputa pelos títulos das principais competições do País e do continente, as receitas com premiações, patrocínios, etc. continuaram crescendo de forma orgânica e sustentável.
Contudo, a velocidade e quantidade do dinheiro que entra, não acompanha a velocidade e quantidade (do mesmo dinheiro) que sai, destinado ao pagamento de juros, sobretudo em um ambiente adverso como o atual.
É imperioso, portanto, como já dito anteriormente, a redução do gasto com o serviço da dívida, notadamente através da quitação de boa parte do passivo. Como? Bem, na falta de liquidez, resta a venda de patrimônio.
Ora, do que adianta sede administrativa em Lourdes, clubes sociais, shopping center, terrenos, etc., se a razão maior de tudo, o Clube Atlético Mineiro (time de futebol), restar falido ou afundado na segunda divisão?
JÓIA DA COROA
Desse patrimônio, digamos, imobiliário, o caso mais emblemático, pois o de maior valor e liquidez, é o shopping Diamond Mall, onde o atual supercampeão brasileiro possui 50% de participação, avaliada em 350 milhões de reais.
A receita anual aferida pelo Clube com o shopping é de aproximadamente 7 milhões de reais, segundo Rafael Menin, na mesma entrevista. Por outro lado, os juros pagos sobre o valor acima, hoje, beiram 50 milhões de reais por ano.
Ou seja, grosso modo falando, o Atlético ‘paga’ cerca de 40 milhões de reais anuais para ser sócio de shopping. Tem cabimento isso? Para mim, não. E para qualquer um que saiba somar dois com dois e encontrar quatro, idem.
A venda do Diamond não traria apenas 400 milhões de reais ao Clube, mas 400 milhões de reais a menos em dívida, e o que é ainda mais importante: cerca de 50 milhões de reais de economia anual com o pagamento de juros.
BOLA COM O CONSELHO
Não há qualquer razão - ou lógica elementar - que justifique a manutenção de tal patrimônio, em detrimento de um cenário de redução de dívidas e despesas financeiras. Vaidade? Bem, isso aí é com o outro lado da lagoa.
Além do mais, a época de não se importar com nome sujo, ou com ‘devo, não nego, pago quando puder’, tão comum a devedores com patrimônio - para não dizer picaretas!! -, não encontra mais espaço no Galo de hoje.
Espero sinceramente que, diante de tudo que vem fazendo os quatro R’s e a atual diretoria alvinegra, sobretudo diante dos resultados esportivos e gerenciais, os conselheiros do Galo aprovem a venda do shopping tão logo seja proposta.
Além do mais, já foi dito pelos mecenas e dirigentes, que todo o processo será transparente e auditado externamente - como tudo que faz esse pessoal. E também, que a grana servirá exclusivamente para diminuir a dívida onerosa do Clube.
POLITICAGEM NOCIVA
Há ainda no Conselho uma turma ligada politicamente às administrações anteriores. Beleza. É do jogo e comum às associações. Mas simpatias ou animosidades pessoais não podem nem devem interferir em algo tão relevante e óbvio.
Duvido que exista conselheiro que não saiba fazer conta, e que não esteja feliz com a fase inédita na história do Clube. Na ponta do lápis e no sorriso de milhões de atleticanos está a resposta para o dilema ‘vender ou não vender’.
Não espero grandeza de quem não tem e que já deu inúmeras provas de não ter. Tampouco espero desprendimento ou senso de responsabilidade. Apelo, portanto, ao ‘amor pelo Galo’, ainda que o amor próprio seja infinitamente maior.
Alô, você sabe quem: se não for pedir muito, por favor, deixe o Galo seguir seu caminho em paz. Não interfira na votação que poderá servir como balão ao Clube. Não seja, mais uma vez, a âncora a nos puxar para baixo. Obrigado, hein!