Não só como atleticano fanático, mas como fã do futebol e admirador da capacidade que tem de mudar a vida de milhões de pessoas ao redor do mundo, seja pelo sucesso esportivo e financeiro, seja ainda pela influência positiva que exerce sobre as pessoas - qualquer esporte, na verdade -, considero o artilheiro campeoníssimo do Galo, Givanildo Vieira de Souza, o Hulk Paraíba, um dos maiores exemplos de profissionalismo e bom caráter, dentro e fora de campo, que já vi atuar no Brasil, ainda que em tão pouco tempo.
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SBT/Alterosa transmite hoje Del Valle x Atlético
O rapaz não é apenas habilidoso com a bola nos pés, mas com palavras sempre educadas e positivas, e gestos de extrema solidariedade e respeito humano, algo que pratica com uma sinceridade espantosa, e não por dever de ofício ou ‘mídia training’. Ronaldinho Gaúcho, outro deus dos gramados e do Atlético, também exalava uma genuína e natural simplicidade e humildade a cada sorriso gigantesco, com aqueles inesquecíveis dentões brancos a iluminar seu entorno. Que incrível seria ter esses dois monstros jogando juntos.
Sim, há atletas e personalidades como Hulk e Dinho, mas na maioria das vezes percebe-se o esforço que fazem para serem, digamos, ‘gente boa’. Porém, longe dos holofotes e das câmeras de TV, revelam seus lados menos humanitários e mais humanos - o astro Neymar Jr., por exemplo. Hulk, ao menos até hoje, jamais teve seu momento Romário, Edmundo ou Ronaldo (Fenômeno), dentre tantos outros, sempre às voltas com comportamentos nada abonadores, sobretudo na vida pública, fora dos estádios.
CARTÃO AMARELO
Sábado passado, no segundo tempo do jogo contra o Coritiba no Independência, em Belo Horizonte, quando o Galo cedeu um amargo e inesperado empate aos visitantes, Hulk, em uma disputa de bola mais acirrada - e provavelmente já muito puto da vida com o placar e a própria performance em campo (sofrível, como a de seus companheiros) - desferiu um forte pontapé nas ‘partes íntimas’ do jogador coxa-branca. O juiz, o auxiliar e os árbitros de vídeo (VAR) enxergaram uma jogada violenta, mas não merecedora de expulsão
Como vem ocorrendo desde meados do ano passado, qualquer lance polêmico, decidido em favor do Galo, é alvo de pesadas críticas e notas maledicentes, sobretudo pela imprensa carioca (e um pouco pela imprensa paulista também). Pela histórica rivalidade com o Flamengo, e pelo histórico e inegável passado de favorecimento, ou melhor, roubo descarado em seu favor, jornalistas, dirigentes e atletas rubro-negros não perdem uma única oportunidade para tentar posar daquilo que nunca foram: vítimas.
Por causa do lance descrito acima, a mais nova treta é entre o goleador Gabigol, do Fla, e o multicampeão Hulk, do Galo. O flamenguista ‘tuitou’ sobre o lance e disse que se fosse com ele seria punido com extremo rigor por todos - e é verdade! Deu a entender que com o atleta alvinegro seria, ou melhor, está sendo diferente - e é verdade também. Hulk, de forma dura, mas polida e bastante assertiva, respondeu e colocou Gabriel no devido lugar: um jogador que não lhe faz sombra e que deveria aparecer por seus próprios méritos. Golaço!
- Leia: 'Meu foco é aparecer dentro de campo'
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NÃO É PARA QUALQUER UM
Há um dito popular, ‘quem faz a fama, deita na cama’, que cabe perfeitamente aqui. Fosse Gabigol o ótimo exemplo, como atleta e ser humano, que é Hulk; atuasse com respeito com atletas e árbitros; não vivesse arrumando confusão com torcedores; não se envolvesse em pancadarias; não fosse preso em cassino clandestino; e genuinamente se comportasse de forma humilde, empática, solidária e generosa com todos, como faz o craque atleticano, possivelmente seria merecedor da mesma, como direi?, boa vontade dos juízes.
Um cartão vermelho é precedido também por uma (má) imagem. Um pontapé desferido por Hulk, em uma dividida ríspida, é muito diferente do mesmo pontapé desferido por Felipe Melo, atualmente no Fluminense, que jacta-se por seu estilo violento. Gabigol, na verdade, não se incomodou com a não expulsão do atleta do Galo, mas por ser quem é: um jogador visado por atletas, árbitros, jornalistas e torcedores. Se isso o incomoda, que mude seu jeito - com o perdão da palavra - escroto de ser. Talvez ainda dê tempo; não sei.
Hulk Paraíba é um cara extraordinário! Um atleta como poucos, um ser humano especial e por isso merece todos os ‘atenuantes’ quando erra. Gabigol, ao contrário, é um arruaceiro bobão - dentro e fora dos gramados! - ainda que um cracaço de bola. Aliás, daria um ótimo reserva no Atlético. Isso se diminuísse em 50% o seu salário, é claro. Alô, Rodrigo Caetano, dê uma ligada pro ‘bad boy’. Quem sabe, aqui no Galo, ele não troca aquela marra toda por esse incrível espírito leve, refletido no sorriso de cada um de nossos atletas e torcedores?