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Estado de Minas OPINIÃO SEM MEDO

Covid, guerra, política, violência, inflação: por que estamos tão infelizes

Há quase três anos, sorrir tem se tornado cada vez mais raro e sincero, e nada indica que irá melhorar


29/04/2022 06:53 - atualizado 29/04/2022 07:27

Mulher segura cartaz em frente ao rosto com expressão de tristeza
(foto: Pixabay)


Que viver não é fácil e que ninguém veio ao mundo a passeio, todos nós, em maior ou menor grau de realidade e sofrimento, sabemos de cor. Se você está me lendo agora, pode - ou deveria - comemorar, pois faz parte dos privilegiados que, nesta ordem, está vivo, com saúde suficiente, tem acesso a um computador ou smartphone, conta com internet (móvel ou fixa), sabe ler e ainda encontra tempo - e ânimo! - para tanto.

O que já não era fácil para os mais de 7 bilhões de humanos, após a pandemia do novo coronavírus se tornou ainda pior. A maioria absoluta dos países - mais ou menos - sofreu bastante com os desarranjos na economia, sobretudo das cadeias produtivas, que levaram à inflação generalizada e ao desabastecimento de matérias-primas essenciais, causando queda na renda e no poder de consumo, quando não raro o desemprego.

Pobreza e fome extremas voltaram com tudo, e desde o início da invasão russa à Ucrânia, em fevereiro deste ano, o quadro se deteriorou rapidamente, pois alimentos e combustíveis essenciais, como trigo, petróleo e gás ‘explodiram’ de preço, e as sanções econômicas do Ocidente ao regime do sanguinário russo, Vladimir Putin, levaram à forte depreciação dos ativos financeiros por todas as bolsas de valores mundo afora.

BRASIL

Por aqui o quadro é ainda pior, já que nossa economia - que não andava nada bem - foi fortemente impactada, e inflação, desemprego, câmbio, PIB, juros, enfim, entraram em uma espiral de descontrole completo, meramente observada por um governo atônito, sem rumo, incapaz e preocupado exclusivamente com as eleições de outubro e novembro próximos. Hoje, dentre as vinte maiores economias do mundo, estamos nas três piores colocações.

Devemos encerrar o ano com crescimento negativo ou próximo de zero. Nossa taxa de desemprego se encontra entre as dez maiores do planeta. A inflação já é a maior em quase 30 anos. O preço da gasolina, álcool e óleo diesel se mantém nas alturas. O gás de cozinha, hoje, custa (botijão de 13kg), em média, 10% do salário mínimo. E no mundo político, de onde se espera soluções, só vêm más notícias e crises em série.

Jair Bolsonaro, o verdugo do Planalto, insiste numa agenda autocrata e desestabilizadora, sem quaisquer propostas para a saúde, educação, segurança pública, desemprego e inflação, além da entrega do orçamento para as piores figuras do Congresso Nacional. Seu maior oponente, Lula da Silva, o meliante de São Bernardo, alterna declarações senis com outras saídas dos manuais soviéticos de 1980. Ou seja…

HAJA RIVOTRIL

Como se tudo acima não bastasse, a violência urbana, que havia arrefecido nos últimos anos, retornou com extrema força e habitualidade. Para piorar, a indiscriminada concessão de porte de armas e total descontrole na importação, comercialização e registro das mesmas, em conformidade com a política de intolerância propagada pelo governo federal, deu origem a ‘Rambos’ urbanos e uma onda de assassinatos banais Brasil afora.

No topo das três esferas do Poder - STF, principalmente - ecos de compadrio político, impunidade e descaso total pela Justiça somam-se ao pior Congresso Nacional da nossa história, onde criminosos notórios detêm a chave do cofre e a liderança das principais Comissões, contando não apenas com a conivência, mas com a total cumpicidade do chefe do Executivo, formando um poderoso e impenetrável ciclo de perversão política.

Em resumo, por onde se olha não há saída, e com o avançar dos anos, a impressão que dá é que não vivemos, apenas sobrevivemos, presos a um looping atemporal de atraso social e miséria política. Eu não sei quanto a vocês, leitores amigos, mas meus momentos de legítima felicidade são cada vez mais raros, e os de grande tristeza, cada vez mais frequentes. E repito o que escrevi no distante primeiro parágrafo: somos privilegiados! 

Experimentem a vida numa favela brasileira, no sertão nordestino, na África subsaariana, nas ditaduras sanguinárias do Oriente Médio, nos bolsões de extrema miséria da China, Índia, Paquistão e outras mega nações asiáticas, nos países em guerra e até mesmo nos poucos, mas existentes, guetos segregacionistas europeus e norte americanos, e aí sim conhecerão o verdadeiro inferno sobre a Terra, que fará sua vida parecer o Nirvana.    

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