O Brasil é mesmo o país da piada pronta. Uma das Casas do Legislativo que mais engana a população agora arvora-se fiscal de sanduíche, como se nada mais importante houvesse para tratar por lá.
Ora, nossos políticos são contumazes em propaganda enganosa. Neste caso, seria como entregar a chave do galinheiro para a raposa. Porém, a ordem estaria um pouco ou bastante subvertida.
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Bolsonarismo de um lado, negritude pobre de outro e um chorão no meioSe fosse Gleisi Hoffmann, e não Silveira, o que diriam os bolsonaristas?As eleições de 2022 irão provar que o Brasil é mesmo o esgoto da políticaViva o mito: 8 a cada 10 brasileiros estão endividados, e 3, inadimplentesAmbos vendem, respectivamente, hambúrgueres de picanha e de costela, contudo, sem os tipos de carnes anunciados, mas aromas naturais (saborizantes, 'flavors') que reproduzem o sabor das carnes.
Um aroma natural de limão, por exemplo, pode ser o que dá o sabor a um picolé de limão, e não o suco ou pedaço da própria fruta, entenderam? Aromas naturais são produzidos a partir do produto ‘in natura’.
Um aroma natural de picanha, ou de costela, é feito de picanha e de costela. Assim, a legislação brasileira permite aos fabricantes de alimentos comunicarem a presença do produto na fórmula.
Aroma, na indústria alimentícia, não significa o cheiro, mas o sabor. Quando as empresas utilizam aromas artificiais a coisa é diferente. Por exemplo: um bolo com aroma de baunilha é um bolo ‘sabor’ baunilha.
Sabe aqueles salgadinhos de milho, tipo Fandangos, da Elma Chips? Pois bem. São salgadinhos de milho sabor presunto, queijo etc. Não são salgadinhos de presunto, queijo etc. Viram a diferença?
No caso dos sandubas, tanto BK como MD estão dentro da lei, pois utilizam os aromas naturais - que equivalem ao produto, conforme a legislação - na composição dos lanches; especificamente no molho.
Agora, que a comunicação induz o consumidor ao engano, isso não resta a menor dúvida. Como trabalhei por anos em um dos maiores fabricantes de aromas do mundo, conheço bem o assunto.
O consumidor, digamos, comum, obviamente não faz a menor ideia disso, e ao comprar um hambúrguer de picanha, imagina que irá mastigar picanha, e não uma carne diferente, ainda que naturalmente aromatizada.
A questão, portanto, não é de lei - ou de legislação - mas de comunicação e consumo. Com tanta ‘treta barra pesadíssima’ acontecendo no País, por que diabos o Senado Federal quer se meter no assunto?
Para isso existem órgãos próprios e competentes, a saber, o CONAR (Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária) e todos os PROCONS (Fundação de Proteção e Defesa do Consumidor) municipais e estaduais.
O Brasil encontra-se atolado em graves crises financeira, fiscal e política. Não seria melhor e mais produtivo para o País se os senadores estivessem envolvidos e debruçados sobre essas questões?
Porém, em um ano eleitoral, os enganadores-mor da nação não perdem oportunidade para aparecerem como ‘defensores do povo’, né? Como eu disse, trata-se de uma piada pronta: enganadores querendo fiscalizar enganadores.