Jornal Estado de Minas

OPINIÃO SEM MEDO

Pôxa, Zema: Bolsonaro, FIEMG, eu entendo, mas Arthur Lira? Aí, não, não dá



Não há caminho para o desenvolvimento de um país e progresso social fora da política, eu sei. Infelizmente, no Brasil, desde sempre, aliás, nossos representantes são, via de regra, da pior espécie, não à toa, após mais de 500 anos, ainda sermos este poço sem fundo de atraso, miséria, corrupção, violência e desigualdade.





Por motivos históricos diversos, que vão da colonização à escravidão, passando por golpes e toda sorte de infortúnios menores - já que nunca tivemos grandes catástrofes naturais e/ou grandes guerras -, nossa sociedade se desenvolveu de forma corrupta, fisiológica, preconceituosa, violenta e elitista.

Por conta disso, os eleitos refletem os eleitores, e nossa elite política prima por tudo o que não presta, quando seria ela a única responsável possível pelo desenvolvimento social, político e econômico do País. Mas, para isso, precisaria ser o que o próprio povo não é. E definitivamente é o nosso caso.

O Brasil, graças, portanto, ao mundo político, como dito acima, é o reino dos privilégios, da impunidade dos poderosos e da injustiça social. E assim permanecerá, possivelmente, para a eternidade. Sim, porque, a cada nova eleição, nós fazemos a mais absoluta questão de manter tudo exatamente igual.





Chegamos às vésperas de mais uma eleição presidencial, e os dois principais candidatos são quem são: um condenado por corrupção e lavagem de dinheiro e um peculatário golpista, capaz dos piores gestos e exemplos. A disputa se dará entre o ruim e o péssimo, e nenhuma solução será discutida e apresentada.

Por conta do baixíssimo nível das candidaturas, as alianças eleitorais tendem a ser ainda piores. No vale-tudo eleitoral, inimigos se tornam amigos, e desafetos se tornam amantes inseparáveis. Geraldo Alckmin que o diga, com seu 'sincero' caso de amor com Lula da Silva, o meliante de São Bernardo.

Para o governo de Minas, a disputa se dará entre o ex-prefeito Alexandre Kalil (PSD) e o atual governador Romeu Zema (NOVO). Kalil buscou o colo de Lula como sua babá política; já Zema preferiu o de Bolsonaro. Neste caso, por gostar muito do governador, me dói muito vê-lo ao lado do verdugo.





Sim, eu sei que as coligações são importantes. Sei também que na política é assim mesmo, no mundo todo. Não quero aqui dar uma de puritano ou vestal, mas, sinceramente, há que se ter limite. Há que se preservar o estômago de certas úlceras carniceiras! Na boa, abraçar Bolsonaro eu entendo, mas… Arthur Lira?

O cara é réu por corrupção, foi condenado, indiciado por peculato e lavagem de dinheiro, líder do centrão, umas das figuras mais deletérias do Congresso Nacional. O que diabos Zema está fazendo ao lado de um traste desses? Qual a influência deste sujeito em Minas? Ah, já sei, a FIEMG, ou melhor, um de seus dirigentes tem aspirações políticas, né?

Aliás, sobre a FIEMG (Federação das Indústrias de Minas Gerais), a motivação e o objetivo político - de um ou outro manda-chuva - estão atirando a entidade na vala comum da baixa política. Puxar o saco de um presidente como Jair Bolsonaro e permitir que um político como Arthur Lira use a Casa, é muito mais do que lamentável. É infame!

Repito: entendo, ainda que bastante contrariado, a ‘amizade’ entre o governador de Minas e o devoto da cloroquina. Aceito, repito, contrariado, a foto em que Bolsonaro ergue o braço do nosso Chico Bento, mas deploro - na verdade, vomito! - sobre a imagem em que Arthur Lira se insere neste contexto.

Só irei votar para presidente no primeiro turno, pois me recuso a ser cúmplice de Lula ou de Bolsonaro. Para governador, seguramente, não votarei em Alexandre Kalil, e o meu voto em Zema, me dói dizer, subiu no telhado. Se a disputa estiver acirrada, pensarei melhor. Mas se não estiver, não conte comigo. Será minha forma de protesto!