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Estado de Minas OPINIÃO SEM MEDO

Exército, urnas e eleições: o brasileiro escolhe o país e a vida que tem

A população precisa aprender que seu lugar é cobrando, e não idolatrando quaisquer categorias ou servidor público


30/05/2022 09:26

Desfile do exército
(foto: flickr)


Luís Alves de Lima e Silva, o Duque de Caxias (1803-1880), verdadeiro herói e patrono do Exército brasileiro, deve revirar no túmulo a cada nova barbaridade ungida nos quartéis. 

O Brasil não se mete em uma guerra desde 1945, quando enviou uma força expedicionária à Europa para guerrear ao lado de países aliados contra o genocídio nazista.

Antes, o País lutou a Guerra da Cisplatina (1825-1828) e a Guerra do Paraguai (1864-1870), sem contar, obviamente, a Guerra da Independência (1821-1824).   


De lá para cá, por habitarmos um continente pobre (de dinheiro, de influência e de espírito), para não dizer miserável, jamais houve qualquer ataque ao nosso extenso território e povo.

A soberania do Brasil jamais foi ameaçada por inimigos externos. Nossos algozes somos nós mesmos, que fazemos absoluta questão de destruir tão próspero solo.

A razão de ser das Forças Armadas é, portanto, institucional e preventiva, ainda que cabalmente desnecessária - ao menos no que tange à proteção da pátria contra inimigos.

Nossas forças militares, nas últimas décadas, constroem estradas, distribuem alimentos e medicamentos em catástrofes e prestam auxílio humanitário a países em conflito civil.

Para tanto, sugam um naco gigantesco do orçamento da União, e abrigam uma das maiores barbaridades contra o patrimônio público: as pensões das filhas de militares falecidos.

Além disso, os salários mais altos beiram o 'escárnio' diante da realidade nacional. Fora a situação atual, após lei assinada por Bolsonaro, que permite o acúmulo de proventos.

Há militares recebendo quase 1 milhão de reais por ano. A categoria, desde 2002, acumula aumento real de salários na ordem de 30%. Atenção: aumento real, descontada a inflação!!

Atualmente, cerca de 7 mil militares trabalham no governo federal e outros 7 mil estão contratados de forma provisória. Eu pergunto: o serviço público melhorou para você?

AMEAÇA DEMOCRÁTICA

No governo do devoto da cloroquina, parte do Exército foi alçada ao posto de protagonista, servindo de escada para ameaças golpistas e interferência nos demais Poderes.

Pior ainda são os escândalos repetidos de superfaturamentos em compras de picanha, cerveja premium, chicletes, leite condensado e outras guloseimas.

Como se não bastasse, a esbórnia alimentar avançou sobre a potência, ou melhor, a impotência dos milicos, e viagra e próteses penianas superfaturados entraram na ‘suruba’.

O maior feito do Exército brasileiro, nos últimos cem anos, foi o golpe militar de 1964. Entendam ‘feito’ como realização, e não mérito, pois não o há em ditaduras - e torturas.

Na boa, o que fizeram as Forças Armadas, nas últimas décadas, no que tange ao exercício da segurança nacional, se o País jamais foi - ou será - ameaçado interna ou externamente?

Por que, então, tamanhos prestígio e poder? Por que tamanha boa reputação dentre a população? Não, não sou contra as Forças Armadas, apenas não as admiro ou as venero.

Aliás, por que deveria? Repito a pergunta: qual a grande contribuição das FFAA para o País? Qual sacrifício fizeram os militares em prol da nação e de seu povo?

Respeito a Instituição e seus servidores como respeito a quaisquer outras, públicas ou da iniciativa privada. E sei muito bem separar o joio do trigo e não generalizo, não.

Porém, repito, não tenho admiração ou mesmo confiança exacerbada em quem não fez por merecer. Ao contrário! Uma parte tem, sistematicamente, manchado a imagem do todo. 

ELEIÇÕES

Por conta dos sucessivos ataques de Jair Bolsonaro, o verdugo do Planalto, contra as urnas eletrônicas, um segmento da população brasileira começou a desconfiar do sistema.

Jamais houve qualquer indício de fraude, mas, ainda assim, em tempos de extrema burrice e redes sociais, boatos em massa, disparados por líderes populistas, se tornam verdade.

Assim, hoje, cerca de 27% da população desconfiam das urnas e, sabe-se lá o porquê, acreditam nas merdas ditas pelo amigão do Queiroz e sua trupe de idólatras golpistas.

Para piorar, 58% da população gostariam que o Exército participasse da apuração. Como assim, caramba? Desde quando isso é assunto para as Forças Armadas, meu Deus?

Desde quando - principalmente após os últimos anos de escândalos repetidos - o Exército merece a condição de fiscal, ou árbitro, de eleições? Os caras já deram um golpe, pô!

Da mesma maneira que não compreendo a tara nacional por políticos da estirpe de Lula da Silva, o meliante de São Bernardo, e Jair Bolsonaro, não entendo essa tara pelo Exército.

Políticos como os dois são os responsáveis diretos pela catástrofe de País que temos atualmente. E instituições como o Exército não são nada melhores neste sentido. 

O brasileiro é como a tal 'mulher de malandro, que quanto mais apanha mais gosta’. Há séculos bancamos essa gente toda, sem receber nada em troca, e ainda juramos amor.

Sei que vou apanhar feito cão sarnento por esta coluna, mas fazer o quê? Calar-me diante da estupidez nacional apenas porque… nacional? Eu não! Eu caio mas caio batendo.

Se você está feliz com o País e em bancar a boa vida desses caras, eu não estou. Meus argumentos estão aí para explicar por quê. E os seus? Há algo a dizer ou só vai me xingar como de costume?

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