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Estado de Minas OPINIÃO SEM MEDO

Greve dos professores: covardia brutal com nossas crianças e adolescentes

A Educação brasileira é tratada com desdém e irresponsabilidade inacreditáveis. Não é à toa a lastimável situação do país


02/06/2022 08:57

Assembleia de professores no hall da ALMG
Assembleia de professores no hall da ALMG (foto: Edésio Ferreira/EM/DA Press)


O sindicato dos professores das escolas particulares de Minas Gerais anunciou nesta quarta-feira (1/6) que a categoria entrará em greve a partir da próxima segunda-feira (6/6), por tempo indeterminado. Os professores reivindicam um aumento de salários da ordem de 25% e o sindicato patronal propôs um reajuste de 5%. 

Olhem aqui: eu compreendo muito bem a situação dos professores, sei das dificuldades financeiras por que estão passando e tudo mais, mas é o seguinte: eu também quero aumento de 25%! Eu também, como absolutamente todos os demais trabalhadores deste país, estou tendo de me virar por conta da escalada da inflação. 

Em um Estado Democrático de Direito, a greve é um instrumento legítimo e inalienável dos trabalhadores. Porém, há determinadas categorias, a meu ver pelo menos, que não deveriam ter o direito à greve, como já não tem as chamadas categorias essenciais, como policiais, bombeiros, médicos e enfermeiros públicos e tantos outros. 

Os professores se enquadram, repito, a meu ver, nesse caso. Após dois anos seguidos de pandemia, o déficit educacional e cognitivo dos estudantes já é imenso, e uma greve por tempo indeterminado irá agravar sobremaneira essa tragédia, principalmente em BH, última cidade mineira a permitir o retorno das aulas presenciais. 

A greve não irá prejudicar os milionários grupos de educação do estado, mas, sim, as crianças e adolescentes e seus pais, que terão de continuar a pagar as altas mensalidades escolares, mesmo sem terem a reciprocidade do serviço prestado. Além do mais, como sempre, ao final da greve, ninguém sairá satisfeito. 

O Brasil e o mundo enfrentam um momento de grave crise econômica, com inflação descontrolada e desabastecimento. Não são apenas os professores que têm problemas. Aliás, se acham que está difícil, o que dirão garis, motoristas de caminhão, garçons, diaristas? Trabalhadores que são ainda mais mal-remunerados. 

Eu pergunto aos grevistas: se faltar médico para te atender, você dirá que é legítima a greve? Se faltar policial para te proteger, você dirá que é legítima a greve? Se faltar comida e remédio em sua casa, você dirá que é legítima a greve? Pau que dá em Chico, meus caros, dá em Francisco! Deixem de egoísmo e pensem no bem comum.

E vocês, donos de escolas particulares - especialmente as grandes redes -,diminuam um pouco seus ganhos, até porque, como sabemos, a margem de lucro é absurdamente alta. Um aumento maior do que os risíveis 5% oferecidos é possível, sim. E como apelei aos professores grevistas, apelo aos empresários: pensem no bem comum.

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