Jornal Estado de Minas

OPINIÃO SEM MEDO

Por que Bolsonaro nos engana, como de costume, ao atacar a Petrobras



Jair Bolsonaro, o verdugo do Planalto, arrumou outro inimigo de ocasião para distrair a patuleia e culpar pelo fracasso catastrófico de seu desgoverno aloprado. Por alguns dias esqueceu Alexandre de Moraes e o STF, e voltou sua bateria de ódio contra a Petrobras, simplesmente a jóia da coroa do que restou de capitalismo no Brasil (o verdadeiro, e não de Estado).





Para o amigão do Queiroz a coisa funciona assim: corrupção no governo? Com o PT era pior. Inflação e desemprego nas alturas? Culpa do Congresso. Economia emperrada e estagflação à vista? O STF não o deixa governar. Combustíveis pela hora da morte? É a Petrobras querendo prejudicá-lo. Não há mísera culpa sua, apenas uma conspiração mundial contra si.

Após um ataque orquestrado à estatal do petróleo brasileiro, em conluio com Arthur Lira, presidente da Câmara e seu sócio no centrão, ou melhor, no orçamento secreto, no fundão eleitoral, nas emendas PIX e outras maravilhas, o devoto da cloroquina conseguiu fazer a empresa perder, em apenas um dia, cerca de 28 bilhões de reais em valor de mercado. Sim, meus caros, é isso mesmo.

O patriarca do clã das rachadinhas simplesmente disse que a Petrobras é a maior inimiga do Brasil. Sério? Bem, queria eu um inimigo que me rende 31 bilhões de reais por trimestre e financia parte dos viagras, próteses penianas, motociatas, passeios de lancha e de jet ski que fazem a alegria da tigrada patriota, verde-oliva ou não, em nome de Jesus e do Brasil acima de tudo.





Além de ser o sócio-controlador e embolsar metade do lucro da empresa, é o governo federal, leia-se, Jair Messias Bolsonaro, aquele que não é coveiro mas cheira à morte, quem nomeia a maior parte dos executivos da estatal. Além do presidente, que já trocou umas 250 vezes, o maridão da ‘Micheque’ indicou nada menos do que seis dos onze conselheiros da companhia.

Ou seja, enquanto em público finge que briga com a empresa, nos bastidores nomeia seus dirigentes. Enquanto em público demoniza o lucro da estatal, nos bastidores entope o cofre do governo. Enquanto em público atira a população contra a Petrobras, nos bastidores sua ‘manada’ opera na Bolsa de Valores e fatura dezenas de milhões de reais em especulação com ações da companhia.

O chilique bolsonarista com a Petrobras é tão real quanto sua preocupação com o povo. É tão real quanto sua solidariedade com as famílias que perderam - e perdem - entes queridos para a covid. Tão falso quanto ele, seu rival, Lula da Silva, o meliante de São Bernardo, que, após assaltar a empresa (Petrolão) e causar prejuízos de 160 bilhões de reais (Dilma), agora posa de expert no assunto.