Jornal Estado de Minas

OPINIÃO SEM MEDO

Boa notícia: o Brasil, às vezes, diz não a Bolsonaro e a Pedro Guimarães

Após muito tempo e suspense, terminou nesta quarta-feira (29) o julgamento envolvendo Jair Bolsonaro, o verdugo do Planalto, e a jornalista Patrícia Campos Mello. Por incrível que pareça, a justiça foi feita e a civilização, por ora, agradece.





Relembre o caso: em fevereiro de 2020, o amigão do Queiroz, naquele costumeiro linguajar de miliciano do baixo meretrício, ofendeu de forma abjeta a jornalista, no tal 'cercadinho' do Planalto - mais parecido com um chiqueirinho, isso sim.

A fala não merece reprodução, mas...:'Ela queria um furo! Ela quer dar o furo a qualquer preço contra mim'. Eis aí aquele que se arvora cristão. Pior. Pai de uma filha com 12 ou 13 anos. Pior ainda: o mandatário maior da nação. Que porco!

Em decisão de primeira instância, em março de 2021, o patriarca do clã das rachadinhas foi condenado a indenizar a vítima de suas infâmias em 20 mil reais. Após o recurso, o valor foi majorado para 35 mil reais. É pouco, mas vale pela lição.





O Tribunal de Justiça de São Paulo ratificou a condenação anterior, é verdade. Por 4 a 1, os desembargadores consideraram o ogro culpado por crime de ofensa à honra. Mas chama a atenção o voto discordante, do desembargador Salles Rossi.

O magistrado, sabe-se lá o porquê, não enxergou sexismo, machismo, ofensa ou sei lá qual o termo apropriado na fala asquerosa do presidente. Vai ver imaginou que 'dar o furo' fosse apenas dar uma manchete exclusiva, e não o furico. Parabéns, doutor! 

Coincidentemente, a decisão ocorre no dia em que Pedro Guimarães, ainda o presidente da Caixa e dos mais íntimos homens de confiança do devoto da cloroquina, deverá cair fora, já que suspeito de gravíssimos casos de assédio sexual contra funcionárias.

Bolsonaro é do tipo - já disse e repito - que não estupra quando a mulher não merece. É do tipo que as ofende e as trata com o máximo desdém, haja vista episódios recentes como os com a deputada Carla Zambelli e a vice-governadora de SC, Daniela Reinehr.

Isso sem contar, é claro, na 'fraquejada' que engravidou a primeira-dama, Michelle - aquela dos 90 mil reais em cheques do Queiroz -, e que resultou em uma filha, e não em mais um filho. Muitos dizem: 'por que você critica tanto o presidente?' Eu preciso mesmo responder?