Amigos e amigas, me digam uma coisa. Ou melhor, algumas coisas. Em pleno ano de 2022, século XXI, é razoável uma das maiores democracias do mundo estar debatendo se haverá golpe de Estado ou não? Se haverá eleições ou não? Se as urnas eletrônicas, reconhecidamente seguras e exemplo de tecnologia nacional para dezenas de países, garantem a higidez do processo e representam a vontade popular?
Me digam: é razoável uma sociedade, que representa uma das dez, 11 ou 12 (a depender do momento e do câmbio) maiores economias do globo, ter que redigir e divulgar uma “carta aberta” em defesa do Estado Democrático de Direito? Em defesa de… eleições livres? Se você, amigo leitor e amiga leitora pensam que sim, então, definitivamente, não fazemos parte da mesma ala de loucos. Nossa psiquiatria é diferente.
Ok, o movimento é significativo, importante e tal. Mas, na boa, expõe nossa mediocridade, nossa miséria política e institucional como poucas vezes se viu em Banânia. O ocidente democrático nos observa e pensa: “Coitados! São mesmo incorrigíveis. Mais de 500 anos e continuam 'guerreando' pelo direito de votar e escolher seus governantes”. Eu não sei de quem foi a ideia, mas, sinceramente, ainda que necessária, é uma vergonha.
Até porque, convenhamos, se carta aberta resolvesse ou garantisse alguma coisa, até seria fácil. Eu mesmo já devo ter escrito umas 250 mil durante a vida. Até o meliante de São Bernardo, vulgo Lula da Silva, já “escreveu” (sim, entre parênteses, por motivos óbvios) uma. A tal “Carta ao povo brasileiro”, garantindo que não daria calote na dívida, que respeitaria contratos e outras questões que jamais deveriam necessitar disso.
Jair Bolsonaro, o verdugo do Planalto, desde o início de seu tenebroso e desastroso desgoverno, tenta alijar a democracia de Terra Brasilis. Primeiro, queria fechar o Congresso, mas acabou sentando no colo, com dinheiro e tudo, dos caciques do centrão. Depois, foi a vez do STF (Supremo Tribunal Federal). Por fim, o TSE (Tribunal Superior Eleitoral). Aliás, a imprensa também! Tudo o que representa a democracia se torna alvo da ira do amigão do Queiroz.
Por isso, esse movimento esdrúxulo ('marqueteiramente' falando, se é que me entendem) em socorro das instituições democráticas e de Estado. O Brasil, tadinho, precisa escrever, assinar e divulgar que gosta, prefere e pretende ser livre. Ai, ai… Às vezes – ou sempre! –, me lembro daquela música: “Vamos fugir. Deste lugar, baby! Vamos fugir. Pra onde quer que você vá, que você me carregue. Qualquer outro lugar comum. Outro lugar qualquer. Guaporé”.