Eu costumo dizer que não conheço político pobre nem governante faminto. Com a grana que ganham - ou nos roubam -, seria estranho se fosse diferente. O certo, meus caros e caras, é que alguma coisa de muito errada há em um país onde a riqueza é gerada pela população, que dela em nada se apropria, e totalmente absorvida pela máquina estatal.
A quantidade de brasileiros passando fome no País disparou nos últimos anos e hoje atinge cerca de 15% da população. Segundo os mais recentes levantamentos, são mais de 30 milhões de pessoas com as barrigas ou roncando ou completamente vazias. Sem falar nos mais de 100 milhões que vivem em estado de insegurança alimentar.
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Políticos e governantes jamais deixaram de se servir das riquezas da nação e do sangue, suor e lágrimas da população trabalhadora. Jamais deixaram de achacar e extorquir a iniciativa privada independente, sobretudo os pequenos e médios empresários. E jamais deixaram de se associar aos grandes grupos e cartórios industriais e financeiros.
Se hoje estamos afundados em mais uma crise sócio-econômica monstruosa, isso se deve a quem deveria trabalhar para evitá-la - ou minimizá-la. Porém, enquanto a fome assola e desola famílias inteiras, o Banco Central do Brasil aumenta a taxa de juros para 13.75%, na tentativa padrão de enxugar gelo, ou melhor, frear a inflação descontrolada.
O Brasil é hoje o campeão mundial de juros reais (8.52%). Isso trará ainda mais desemprego e queda na renda, ao mesmo tempo em que fará a alegria dos rentistas. Sempre que o governo federal se meter em enrosco fiscal, a tragédia será certa e anunciada: inflação e juros nas alturas, emprego e renda na mais profunda fossa abissal.
Bolsonaro e seu posto Ipiranga estouraram o caixa de forma inédita. Mandaram às favas o teto de gastos e chafurdam felizes na lama eleitoreira que faz a alegria de seus cúmplices do centrão e da banca nacional. Quando crescer, é bom que o pequeno Miguel Barros, de 11 anos, faminto, que ligou para a polícia pedindo ajuda, saiba quem foram seus algozes.
A Rádio Itatiaia de Belo Horizonte, onde tenho orgulho de ser comentarista, produziu há algumas semanas um especial sobre a fome no País. Quem não ouviu a série de cinco programas, procure no site. É de partir o mais gélido dos corações! A desigualdade social brasileira é uma chaga virulenta e hedionda, e a fome é seu sintoma mais aparente. Os responsáveis, de barrigas cheias, deveriam ao menos pensar nas crianças, mas não irão.