Às seis horas da matina desta terça-feira (23), o Brasil dividia-se em grupos: havia quem estivesse voltando para casa, após uma dura jornada noturna de trabalho; havia quem estivesse saindo para trabalhar; havia, ainda, quem já estivesse a pleno vapor na labuta diária; e havia, claro, os estudantes, que se dividiam entre dorminhocos, que resmungavam ‘mais cinco minutos de sono’, e aqueles que pulavam da cama sem reclamar.
Eu não sei aí na sua cidade, leitor amigo, leitora amiga, mas em Belzonte, capital mundial do Galão da Massa, às seis da manhã de hoje estava um frio danado. Enquanto eu tomava meu banho, oito mega milionários - e bilionários - ouviam suas campainhas soar: ding dong! ‘Quem bate? É o frio! Não adianta bater, que eu não deixo você entrar’. Os mais jovens não têm a menor ideia do que acabei de escrever, tadinhos.
Então. Ao invés do frio, era a PF. E não havia opção! Luciano Hang, da Havan; José Isaac Peres, da rede de shoppings Multiplan; Ivan Wrobel, da Construtora W3; José Koury, do Barra World Shopping; Luiz André Tissot, do Grupo Serra; Meyer Nigri, da Tecnisa; Marco Aurélio Raymundo, da Mormaii, e Afrânio Barreira, do Grupo Coco Bambu, tiveram de abrir as portas da felicidade e receber policiais para o café da manhã.
A operação que cumpriu mandados de busca e apreensão nas mansões dos ricaços, que querem um golpe de Estado no Brasil, foi autorizada pelo supremo ministro do Supremo, Alexandre de Moraes (me desculpe aí qualquer coisa, hein, Xandão!), após reportagem do site Metrópoles, que divulgou mensagens de WhatsApp, trocadas pelos alvos da operação, conspirando contra a democracia brasileira.
‘Prefiro golpe do que a volta do PT. Um milhão de vezes’ (José Koury). ‘O golpe teria que ter acontecido nos primeiros dias de governo. [Em] 2019 teríamos ganhado outros 10 anos a mais’ (André Tissot). ‘O TSE é uma costela do Supremo, que tem 10 ministros petistas. Bolsonaro ganha nos votos, mas pode perder nas urnas’ (José Peres). Trata-se de mera liberdade de expressão? Bem, é o que irá se apurar.
Xandão, ops!, Moraes determinou a quebra dos sigilos bancário e fiscal dos aloprados, e poderá, então, à partir também do material recolhido na casa dos investigados, descobrir se os mesmos financiaram - ou financiam - atos claramente golpistas, que defendem AI-5 (o mais duro dos atos institucionais da ditadura militar) e até mesmo um golpe de Estado, comandado por Jair Bolsonaro, o mito da galera trilhardária.
No JN de ontem, Jair Bolsonaro, o verdugo do Planalto, dentre tantas mentiras e maluquices que balbuciou, afirmou estar ‘pacificado’ com o deus da calvície (calma, Xande!!, eu sou carecaço também). Ao que parece, a paz acabou logo cedo, hehe. Fico imaginando a ira do devoto da cloroquina ao saber que seus ‘brodinhos do górpi’, principalmente o ‘véio da Havan’, acordaram com o brasão da PF nas fuças.