Para o que serve um debate regido pelas regras que a legislação eleitoral brasileira impõe? Bem, na minha modesta opinião, muito pouco ou quase nada. Além do mais, salvo um ou outro candidato, a maioria que se apresenta não possui qualquer conteúdo relevante, qualquer proposta ou plano de ação, e usa seu tempo, repito, na maioria dos casos, ou para ofender e atacar os adversários ou para mentir descaradamente e prometer aquilo que jamais irá cumprir.
Sinceramente, acho uma tremenda perda de tempo - e de dinheiro! - para todas as partes. O esforço hercúleo (por dias) de todos os envolvidos e os gastos (custos) por trás das câmeras não são recompensados pelo resultado.
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Pobres se tornam vítimas banais de ricos no Brasil dos "cidadãos de bem"Exército que admite não conseguir fiscalizar armas, quer fiscalizar urnasPolêmica: Coldplay é mais marketing que música? Lula e Bolsonaro respondemComo Lula e Bolsonaro mentem, manipulam os fatos e você acredita e aplaudeA pergunta que fica é: seria assim se não estivesse muito à frente nas pesquisas? Lembrando que, em 2018, nosso Chico Bento também não compareceu ao mesmo debate, assim como a um recente promovido pela TV Bandeirantes. Para o candidato de um partido que se diz novo, “correr do pau” (das críticas em série combinadas pelos adversários) quando interessa, é prática velha e pouco democrática.
Sem o favorito e líder disparado nas pesquisas, o “animus” para a divertida pancadaria verbal e baixaria política (que é o que presta nos debates, hehe) arrefeceu bastante, e assim restou a esse humilde palpiteiro assistir a um interminável blá blá blá água com açúcar, vez ou outra interrompido pela estridência, digo gritaria, da candidata do PSOL, que imagina, assim como quase todos os seus colegas de partido, que falar alto, ofender e ressuscitar teses requentadas de Havana, em Cuba, dos anos 1950, pode render votos mofados. Aliás, que leque azul era aquele, meu Deus do céu? Psolista raiz deveria usar leque vermelho, pô! Che e Fidel devem ter revirado nos túmulos, coitados.
Bom, para escrever algo sobre o debate propriamente dito, precisei ficar bastante atento e pinçar o que era possível. Bora lá, então: para Alexandre Kalil, o feminicídio é culpa do governo Zema. Por quê? Sei lá. Acho que nem ele mesmo saberia explicar. Apenas aproveitou a pergunta para dar uma canelada no governador. Aliás, não sei se aconselharam o ex-prefeito a moderar o tom, mas tenho percebido um excesso de calmaria em seu comportamento. Pessoalmente, ainda que não simpatize nem um pouco com ele, acho que deveria voltar ao modo pistola tradicional, pois está extremamente artificial, sem graça, até meio pastoso eu diria. Parece que tomou uma overdose de Lexotan.
Carlos Viana falou sobre a pandemia do novo coronavírus, que hoje, graças às vacinas combatidas e sabotadas por Jair Bolsonaro, o verdugo do Planalto, se tornou o velho coronavírus (que vá definitivamente para o quinto dos infernos, aliás). O senador defendeu a política negacionista do “mito” e disse que “até hoje a medicina tem dúvidas sobre o melhor tratamento”. O quê? Qual a dúvida? O senhor ainda está nessa? Na boa, puxar o saco do presidente é uma coisa, insistir nestas besteiras sobre covid é outra. Inclusive, eu não tenho nada com isso, não, eu sei, mas o senhor defende muito mais o amigão do Queiroz do que ele, o senhor. Bolsonaro é Zema, e não Viana. Portanto, para que tá feio.
Resumindo a parada: na média, o nível dos candidatos é baixíssimo. Exceto Pestana, ninguém ali tem conteúdo ou capacidade de gestão. Kalil sabe que já perdeu e apenas cumpre tabela, além de puxar o saco do meliante de São Bernardo (Lula), para, em caso de vitória do chefão petista na eleição federal, descolar uma embaixada ou um ministério qualquer. E Viana, craque da comunicação, fala bem, domina a cena, mas está, de fato, plantando sua candidatura à prefeitura de BH, em 2024, e nada mais. O melhor da noite? Sem a menor dúvida, o show de mediação da editora-chefe e apresentadora do Jornal da Alterosa, Carolina Saraiva. Além da elegância e da beleza da moça, é claro.
Aviso importante e necessário nestes dias delicados, onde cada palavra tem de ser desenhada e cada frase explicada: Carol é muito bem casada, eu sou muito bem casado (além de uns duzentos anos mais velho), e este comentário não é: machista, sexista, misógino nem muito menos assédio moral ou abuso sexual por parte de um homem branco, rico, neoliberal, opressor e capitalista, okay, candidata Lorene Figueiredo (PSOL)? De novo: brincadeirinha, hein!!!
Ah, já ia me esquecendo: ao final do debate, na entrevista aos jornalistas, Carlos Viana chamou Romeu Zema de “Zé Mané”. Pô, senador! Chico Bento, tudo bem. Fujão, também. Mas Zé Mané, não. O cara é um baita empresário e, sim, um ótimo governador. Além disso, seu patrão Bolsonaro vive puxando o saco dele, e não o contrário, como é o seu caso. Percebe quem seria, então, o Zé Mané nessa história toda?
Ah, já ia me esquecendo: ao final do debate, na entrevista aos jornalistas, Carlos Viana chamou Romeu Zema de “Zé Mané”. Pô, senador! Chico Bento, tudo bem. Fujão, também. Mas Zé Mané, não. O cara é um baita empresário e, sim, um ótimo governador. Além disso, seu patrão Bolsonaro vive puxando o saco dele, e não o contrário, como é o seu caso. Percebe quem seria, então, o Zé Mané nessa história toda?