Do pôr do sol de hoje, domingo, dia 25 de setembro, até o pôr do sol da próxima terça-feira, dia 27, judeus em todo o planeta celebram a chegada de um novo ano, o Rosh Hashaná de 5783, de acordo com o calendário judaico, que é diferente do calendário gregoriano (2022), já que conta com menos dias (seguindo o chamado calendário lunar), 354 contra 365 luas, ou dias, e que se iniciou no momento da criação do mundo, de acordo com a fé judaica.
É um período de reflexão e oração, sim, bem como de celebração e de sincero desejo de um ano novo “doce e bom”, simbolizado pela maçã mergulhada no mel, onde espera-se que todos “sejam inscritos no livro da vida”. Portanto, antes de prosseguir, deixo aqui meu Shaná Tová Umetuká a toda a comunidade judaica brasileira e mundial, e a todos os brasileiros, de todas as religiões, por todo o mundo, em especial meus amigos e familiares.
GRANDES FESTAS
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ANTISSEMITISMO EM ALTA
Divulgado em abril passado, no Yom HaShoá - Dia Nacional em Memória às Vítimas do Holocausto -, o estudo mostrou severo aumento de casos em praticamente todos os países. Segundo o levantamento, grupos ultrarradicais nacionalistas de direita e de esquerda juntaram-se a grupos antissemitas, sobretudo após o início da pandemia do novo coronavírus, para, mais uma vez, pregar o extermínio de Israel e a extinção dos judeus.
Por causa da Covid-19, acusações falsas de que os judeus criaram e espalharam o vírus surgiram fartas e pulverizadas. Com cinquenta páginas, o estudo também mostrou como o conflito ocorrido em maio de 2021, contra o grupo terrorista Hamas, na Faixa de Gaza, levou a picos de antissemitismo generalizado. O Irã, principalmente, foi um dos grandes responsáveis, já que não apenas dissemina desinformação, como financia o terror.
NÚMEROS CHOCANTES
Uriya Shavit, chefe do Centro de Estudos Judaico-Europeus Contemporâneos da Universidade de Tel Aviv, afirmou: "Há algumas décadas, era necessário um esforço para ser exposto a essas ideias. Hoje, é muito fácil acessá-las”, disse, por conta da internet e das redes sociais, que espalham mensagens falsas e de ódio contra Israel, impulsionadas pelos milhões de dólares que as autocracias radicais islâmicas investem contra os judeus.
Os números são chocantes e falam por si. Na França, houve ao menos 589 atos antissemitas no último ano, um aumento de 75% em relação a 2020. A violência física cresceu 36%, e, de todos os atos racistas registrados no país, 73% foram contra judeus. Sem contar que a negação do Holocausto vem se tornando assunto cada vez mais frequente, inclusive em seminários abertos, muitos deles ocorridos em universidades.
PERSEGUIÇÃO HISTÓRICA
Desde o surgimento do judaísmo, a perseguição ao povo de Abraão jamais deixou de existir. Judeia, Alexandria, Impérios Romano, Otomano e Russo, Alemanha Nazista… Não há era ou região em que os judeus não tenham sido rejeitados, discriminados, perseguidos, expropriados e expulsos. Não fosse a criação do Estado de Israel, pela ONU, em 1948, com a respectiva Independência, possivelmente não haveria mais judaísmo no mundo.
Hoje, estima-se em pouco mais de 13 milhões o número de judeus na Terra. Pouco importam as realizações e contribuições para a humanidade, nas ciências, nas artes, na música, na medicina e na tecnologia. Pouco importa ser a única democracia no Oriente Médio. Pouca importa ser um povo que jamais, repito, jamais atacou qualquer outro povo ou nação; apenas - e sempre! - se defendeu, perseguindo e garantindo sua autodeterminação.
SHANÁ TOVÁ UMETUKÁ
Não há nada que façamos, pois, senão lutar, militarmente, politicamente e intelectualmente contra o antissemitismo, para garantirmos nosso chão (Israel) e nossas vidas. Por isso este longo e cansativo, mas necessário, texto, ainda que em uma data festiva. Mas se querem saber, meus caros leitores, mesmo nas festas, um judeu mantém um olho no gato e o outro, no peixe. A Guerra do Yom Kipur nos forjou e nos mantém, até hoje, assim: vigilantes.
Mais uma vez, desejo a todos um ano novo bom e doce, repleto de alegrias, saúde, amor, paz, prosperidade e boas notícias. Que sejamos inscritos no Livro da Vida e que, passado este ano conflituoso por causa da política, laços afetivos sejam refeitos e a harmonia volte a imperar entre famílias e amigos de longa data. Que 5783 inaugure, já, os novos e bons dias que 2023, se Deus quiser, nos trará em breve. Forte abraço!