O presidente Jair Bolsonaro voltou a atacar ferozmente o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), especialmente o ministro Alexandre de Moraes, ao mesmo tempo em que seu partido, o PL, de Valdemar Costa Neto, ex-presidiário no Mensalão, emitiu uma nota apócrifa, ou seja, sem assinatura, ainda que em papel timbrado, atacando a segurança das urnas eletrônicas e colocando as eleições sob suspeita de fraude.
Bolsonaro, em “live”, também disse que determinará às Forças Armadas intervenção em zonas eleitorais que, por ventura, impeçam eleitores de votar trajando a camisa da Seleção Brasileira de Futebol, e, ainda, voltou a acusar o ministro Moraes de vazar à imprensa os dados contidos no aparelho celular de seu ajudante de ordens, investigado no âmbito do inquérito das fake news, que implica sua esposa, Michelle Bolsonaro.
O tom das ameaças e dos ataques são tão ou mais altos que no auge da ânsia golpista, próximo ao 7 de setembro, Dia da Independência, no ano passado, quando o presidente afirmou que “não mais respeitarei as decisões do Supremo Tribunal Federal (STF)”, em particular, como sempre, seu principal desafeto, o ministro Moraes, que antecede o segundo maior alvo de Jair Bolsonaro, o ministro Barroso.
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O documento do PL sobre as eleições é de tal sorte vazio e falacioso, e em tese, criminoso, que foi anexado, por ordem de Alexandre de Moraes, ao inquérito já em andamento contra os atos antidemocráticos. As acusações do presidente contra o mesmo ministro, por suposto vazamento de dados, não apresentaram qualquer prova, ao contrário, o próprio magistrado determinou a apuração pela quebra do sigilo.
Por fim, quanto à proibição da camisa da Seleção, não há nada que indique tal veto pelo TSE, senão as próprias ilações espalhadas pelos bolsonaristas. E mesmo que fosse real, as Forças Armadas não poderiam intervir nas zonas eleitorais conforme afirmou o presidente da República. Todos esses factóides, potencialmente criminosos, não passam de gasolina em uma fogueira golpista prestes a ser apagada pelas urnas.
Para quem diz - no caso, o próprio Bolsonaro - que irá vencer as eleições no primeiro turno, e que, por onde passa, é recebido por 90% da população, ao mesmo tempo em que “o outro candidato não pode sair às ruas”, o desespero destes últimos dias não parece coerente. Mas como prudência e canja de galinha não fazem mal a ninguém, aguardemos o Datafolha de logo mais e, no limite, as apurações no domingo, antes de ter certeza. Mas que parece franco desespero de perdedor, isso parece.