Não vou retornar ao passado longínquo da colonização, das primeiras Repúblicas e dos ditadores. Tampouco irei me ater ao período militar, uma ditadura mequetrefe, pois até isso o Brasil conseguiu avacalhar (ditadura com executivo, legislativo e judiciário é piada!), pois o assunto aqui são eleições e democracia - desde a redemocratização, portanto.
A que ponto chegamos? O nível dos candidatos, notadamente os dois favoritos, não é apenas sofrível, é desesperador, é desolador. Qual a chance de um País melhor, seja com Lula ou Bolsonaro? No máximo, com muita sorte, um Brasil um pouco menos corrupto ou um pouco menos incompetente; e olhe lá. Meu Deus! Que esperança pode ter uma nação onde a disputa se dá pelo candidato menos ladrão?
Mas ofício é ofício, e mesmo a contragosto, tenho de comentar o “debate”. Bora lá, então:
As mulheres deram um show! Simone mais, Soraya menos - bem menos. As duas colocaram os machões mentirosos, safados e picaretas no devido lugar. Tebet moeu o devoto da cloroquina e o fez perder o rumo com a resposta digna, certeira e elegante sobre o assassinato de Celso Daniel. E Soraya desmontou o “candidato padre”, demoliu o capeta travestido de santo e demonstrou autoridade quando precisou.
Falando no padreco de araque, que roubou dinheiro dos pobres, recebendo indevidamente o Auxílio Brasil durante a pandemia, prestou um enorme desserviço ao amigo de pautas extremas (Jair Bolsonaro), pois é tão grosseiro, burro e reacionário, que atrelou ao amigão do Queiroz uma imagem ainda mais tosca e radical. Mas, reconheçamos: o pau mandado, travestido de religioso, mandou todas as devidas e merecidas verdades na cara do picareta do PT. Coisa linda de se ver!!
Bolsonaro é desprezível e todos sabem, até mesmo quem votará nele. Lula é desprezível e todos sabem, até mesmo quem votará nele. Nem sequer falar a língua portuguesa os dois conseguem. Mas Bolsonaro, além de tudo, é um “cagão”. Foi tchutchuca com o meliante de São Bernardo e não o confrontou nunca, sempre fugindo da prerrogativa de perguntar diretamente ao chefão petista. De mais a mais, tentou ser irônico e debochado, mas é tão intelectualmente incapaz, que nem isso conseguiu. Agora, mentir, taqueopariu!!, bateu todos os recordes anteriores.
Ciro foi… bem, Ciro foi Ciro! Não merece mais que poucas palavras. E Felipe D’Ávila conseguiu ser mais chato, pernóstico e sapatênis que qualquer outro político do Novo. Aliás, o partido com o qual mais me identifico e admiro - com extrema parcimônia, diga-se!! -, ou muda o rumo da prosa ou será nanico para sempre. Mas pior mesmo foi o papel de “escadinha” que fez para o patriarca do clã das rachadinhas e das mansões milionárias compradas com panetones e dinheiro vivo. Que vergonha, Felipe. Que vergonha!
Foi impressionante como idiotas úteis levantaram a bola para o líder do petrolão deitar e rolar na verborragia mentirosa de sempre. Conseguiu repetir que é inocente, que colocou os pretos na universidade, que foi o pai dos pobres e blá blá blá. E falando nele, para a infelicidade de quem o detesta (este que vos escreve é um), retomou a velha forma de ilusionista, e certamente ganhou muitos votos, talvez até suficientes para que conquiste a vitória já no primeiro turno. O mensaleiro Lula saiu maior do que entrou - eleitoralmente falando, é claro.
Tebet foi, mais uma vez, a melhor candidata. A mais sensata, a mais equilibrada, a mais franca e a mais preparada. Até, em ato falho, chamou a colega Soraya de Candidata Bolsonara (e era). Mas desde quando o eleitor brasileiro quer o melhor, neste caso, a melhor? O Brasil prefere o Bozo ao Meirelles, pô! E William Bonner foi, disparado, o melhor da noite. Deu um show de jornalismo e competência. Quando crescer, quero ser igualzinho a ele, hehe.
Agora, vou dormir e ter pesadelos com o que vi e ouvi. Ah! Bolsonaro se recusou a responder se respeitará o resultado das eleições. Boa noite! Quem puder.