Cometi o terrível erro de ter votado, no segundo turno de 2018, em Jair Bolsonaro, o verdugo do Planalto, e já me desculpei inúmeras vezes por isso. Atenção: já disse inúmeras vezes, também, que não me arrependo, pois era necessário expurgar o PT do Poder. Mas fato é que, meu voto-vômito, termo brilhantemente cunhado pela igualmente brilhante Cristina Serra, ajudou a abrir as porteiras dos estábulos e os portões do inferno por todo o Brasil.
Desde que assumiu, o amigão do Queiroz vem trabalhando diuturnamente - Dilma Rousseff, nossa eterna estoquista de vento, diria “noturnamente também”, hehe - contra a democracia brasileira, que já não é lá grande coisa. Investiu contra o Congresso Nacional (depois desistiu e fez como todos: comprou-o), investe contra o Supremo Tribunal Federal (STF) e o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a imprensa e absolutamente todo e qualquer sujeito ou instituição que não se ajoelhe e exalte o “mito”.
A mais nova - nem tão nova assim - frente de batalha autoritária são os institutos de pesquisas. Bolsonaristas pinçam, dentre centenas de acertos, os erros que lhes convêm, e investem ferozmente contra as empresas (exatamente como fazem com a imprensa, exceto aquela que lhes é servil, claro). Nestas eleições recentemente passadas, os institutos acertaram, como sempre, aliás, infinitamente mais do que erraram. Ainda assim, a turba do devoto da cloroquina não perdoa, e quer sangue.
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O maior risco do bolsonarismo - e este risco aumentou tremendamente com a eleição de uma horda de reacionários, intolerantes e extremistas que se elegeu pela devoção ao marido da Micheque (e os 90 mil reais do Queiroz, hein?) - é a escalada institucionalizada, via Congresso Nacional, de leis autoritárias como a citada acima. Pior. Com o domínio das duas Casas (Câmara e Senado), abre-se a possibilidade de interferência real no STF, inclusive com o aumento do número de ministros.
Sabem, leitores e leitoras queridos, quem fez isso? Hugo Chávez e Nicolás Maduro, e outros ditadores mundo afora - aqueles que Lula da Silva, o meliante de São Bernardo, e seu bando apoiam e defendem. Deem um Google e encontrarão um sem número de textos meus apontando as semelhanças entre Bolsonaro e bolsonaristas e Lula e petistas. Há um termo, inclusive, para isso: bolsopetismo. E ele é muito mais real do que se imagina. A tal lei que promete criminalizar as pesquisas é só mais uma prova.