Ricardo Kertzman
Não há governo na história recente deste país que tenha maltratado tanto a educação quanto o de Jair Bolsonaro, o verdugo do Planalto. Só os ministros (MEC) ele trocou cinco vezes. E cada um foi pior que o outro, do olavista Vélez Rodríguez ao reacionário, hoje um inimigo, Abraham Weintraub, passando pelo pastor acusado de corrupção Milton Ribeiro.
O Ministério da Educação foi uma das pastas mais atingidas por cortes no orçamento federal, que prefere encher as burras do centrão com bilhões de reais em verbas secretas, enquanto tem a coragem de não reajustar o valor destinado à merenda escolar, obrigando crianças a comerem sardinha – e olhe lá! – e a dividirem um único ovo cozido, quando há.
O amigão do Queiroz é também o presidente que ceifou cada resto de centavo que sobrou, dedicado à pesquisa científica, atirando o Brasil na obscuridade dos negacionistas da cloroquina e da Terra Plana. Bolsonaro odeia a ciência, a medicina e a tecnologia, preferindo suas próprias crenças, em nome de seu Deus, sua Pátria e sua Família.
O último ataque à educação veio por meio do corte brutal no orçamento da pasta para o ano que vem. A verba para as universidades federais, por exemplo, estará restrita a quase nada, tornando impossível a aquisição de equipamentos e materiais acadêmicos, ou mesmo transporte e alimentação. Bolsonaro, ao que parece, tem predileção pela fome alheia.
Ao mesmo tempo em que destrói a educação pública, o patriarca do clã das rachadinhas e das mansões milionárias, compradas com panetones e dinheiro vivo, humilha de forma inaceitável os eleitores nordestinos que votaram no PT, chamando-os todos de analfabetos. Pior. Mente descaradamente, neste sentido, como faz contumazmente com tudo.
O maridão da Micheque (e os R$ 90 mil do Queiroz, hein?) disse que o analfabetismo do Nordeste é culpa dos governos petistas. São petistas José Sarney (pai e filhos), Antônio Carlos Magalhães (avô, filho e neto), Jader Barbalho (pai e filho), Renan Calheiros (pai e filho), Edison Lobão (pai e filho), Fernando Collor, Ciro Nogueira e Arthur Lira, seus aliados?
As regiões Norte e Nordeste do Brasil estão entregues há décadas, sim, mas não a petistas apenas. Ao contrário. A corja que mantém as regiões no atraso é historicamente ligada à direita brasileira, quando não raro à ditadura militar que imperou por aqui durante 21 anos. Governos petistas são catastróficos, sim, mas não são exclusividade dos nordestinos.
Curiosamente – ou não! –, ontem, uma advogada asquerosa, acho que de Uberlândia, divulgou um vídeo ainda mais asqueroso, atirando os brasileiros do Sudeste contra nossos irmãos nordestinos. Particularmente, tenho todos os motivos para chamar esse pessoal de irmãos, pois há mais de 20 anos devo grande parte de tudo o que tenho a eles.
Além da questão profissional e financeira, as quais sou extremamente grato aos povos do N e NE, há sincera amizade com dezenas de nortistas e nordestinos, além de muito carinho e gratidão pela forma com que sempre me receberam. Sou do tipo: “Nordestino é meu amigo; mexeu com ele, mexeu comigo”. Portanto, vá para a casa do carvalho, Bolsonaro!
O ataque grotesco e inaceitável do (pasmem!!), presidente da República, portanto presidente de todos os brasileiros, como acabei de dizer, veio ao encontro do vídeo da advogada aloprada. Como tudo que vem dessa gente preconceituosa e xenófoba, além de homofóbica e misógina, costuma ser orquestrado, não creio em mera coincidência.
Talvez, o pensamento seja: o Nordeste está eleitoralmente perdido. Assim, vamos tentar eriçar ainda mais os pelos dos selvagens do Sudeste. Infelizmente, como estamos vendo a cada dia, a quantidade de brasileiros extremistas é imensa, muito maior do que imaginamos. E palavras assim são música para os ouvidos destes selvagens imundos.