Jornal Estado de Minas

RICARDO KERTZMAN

Eleições: esperança no novo Congresso? Esqueça! O Brasil é muito mequetrefe

Por Ricardo Kertzman
 
Repare bem, diria Ciro Gomes, o coroné cabra da peste e eterno coadjuvante nas eleições presidenciais; repare bem: um em cada cinco deputados federais duplicou o patrimônio nos últimos quatro anos. Sete em cada dez enriqueceram neste período. Será que fundão eleitoral, orçamento secreto, rachadinhas e rachadões ajudaram? É só uma pergunta.





Em levantamento realizado pelo Portal G1, da Globo, levando-se em conta as declarações dos candidatos ao TSE em 2018 e 2022, foi constatada ampla evolução patrimonial dos parlamentares enquanto a população brasileira ficou mais pobre. Houve congressista que enriqueceu 40 milhões de reais no período, e sem ganhar na megasena acumulada.

Enquanto o rendimento médio do brasileiro recuou cerca de 10% no período, nossos representantes no Congresso Nacional passaram ao largo das crises. Não teve covid, recessão, guerra, Bolsonaro e Paulo Guedes que atrapalhassem o caminho da prosperidade. Fico aqui me perguntando: qual o segredo desses caras?

Vejam o clã das rachadinhas e das mansões compradas com panetones e dinheiro vivo, por exemplo. Os caras não erram uma! Compram e vendem imóveis sempre com lucro. Nos últimos quatro anos, como comparação, dez milhões de brasileiros entraram no mapa da fome, ao mesmo tempo em que os Bolsonaros entraram no mapa dos milionários.

Percebam, caros leitores, que estamos falando do Poder Legislativo. O “banho de sangue” no Judiciário é ainda pior e mais indecoroso. Por lá, os salários são muito maiores, os benefícios ainda mais infames e a estabilidade é garantida até a aposentadoria. Brasília é uma super usina de produção de extrema desigualdade social em série.





A cada quatro anos renovam-se as esperanças (não as minhas, pois já as perdi faz décadas) e lá vão os eleitores otários em busca de novos picaretas. Todos? Não, claro. Apenas 99.9999%. E sabem o que isso significa? Nada! Porque seus votos não valem, ou melhor, valem muito, mas para eleger quem você jamais pensou em votar.

Dos 513 deputados do novo exercício parlamentar, a partir de primeiro de janeiro de 2023, apenas 28 foram eleitos diretamente. Sim. Apenas 28 tiveram votos suficientes para representar, ao menos nas promessas, o povo. O resto foi eleito na carona do famigerado quociente eleitoral, que faz a alegria dos caciques partidários.

Em 2018, esse número foi de 27. Em 2014, de 35. Em 2010, de 36. Se você leu esse texto, antes de brigar com familiares e amigos por causa de política e políticos; antes de sair por aí fazendo arminha ou a letra L com os dedos, olhe para seu bolso, sua conta e a evolução do seu patrimônio no último quadriênio. Olhou? Beleza. Abraços e seja feliz.