Caramba! Parece mesmo que abriram-se todos os portões do inferno, ou infernos, vá saber, simultaneamente, libertando demônios que jamais poderiam dar as caras em nosso mundo, deixando seus horrores restritos à nossa imaginação e aos nossos piores pesadelos. Mas já, há três ou quatro dias, fatos lamentáveis não me permitem mudar o rumo da prosa e escrever sobre o que mais gosto, que é xingar os políticos que merecem.
Mal chegamos à metade da semana e um novo caso de estupidez humana estapeia nossas fuças já tão surradas. Estudantes de medicina do Rio de Janeiro, durante um jogo de futebol de salão em um torneio entre faculdades, gritaram contra seus colegas, do Espírito Santo, refrões do tipo: “é, eu sou playboy, não tenho culpa se seu pai é motoboy”, ou ainda, “meu dinheiro não acaba”. Assistam ao vídeo abaixo, pois a sonorização dá a exata dimensão dessa verdadeira tragédia social que estamos experimentando como nação.
Depois, foi a vez dos estudantes de um outro colégio de meninos ricos, desta vez em Curitiba, tomarem indevidamente para si uma bandeira do PT e urinarem sobre ela, enquanto filmavam a cena fascistóide e espalhavam, em seguida, o vídeo por suas redes sociais, para deleite dos, como é mesmo?, cidadãos de bem.
Quase simultaneamente, uma professora, também no Paraná, em plena sala de aula, vestida com a camisa do Brasil, ouvindo aparentemente uma marchinha militar, bateu continência para, logo após, de forma estupidamente abjeta, fazer a saudação nazista (com os braços esticados e a mão espalmada) aos seus alunos. Em todos estes casos, notem, o bolsonarismo extremo esteve presente.
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