Ricardo Kertzman
A extrema direita mundial opera na mesma frequência e em sintonia com seus gurus exóticos (e criminosos) como Steve Bannon e, no Brasil, o falecido Olavo de Carvalho. Para mim, em nada difere, nos modos e na prática, da extrema esquerda mundial. Aliás, não há extremo, nesse planeta, que preste, senão o gosto incondicional por torresmo, coca-cola (normal, claro, nada de zero) e chocolate, não necessariamente nessa ordem.
Há um sacripanta da espécie nos EUA, berço histórico, aliás, dessa gente estranha, chamado Alex Jones, dono de um mentiroso e virulento website, o Infowars, que produz notícias falsas, mistificações e teorias da conspiração em série, com uma eficiência ímpar, sendo capaz de disseminar suas fake news para milhões de pessoas em poucas horas, tamanha sua audiência e expertise na prática delituosa.
Pois bem. Este aloprado, finalmente, se deu mal. Muito mal. Foi condenado pelo júri de Connecticut a pagar quase 1 bilhão de dólares (mais de 5 bilhões de reais) a oito famílias de vítimas de um tiroteio em uma escola americana, em 2012, por ter divulgado, reiteradamente, que o assassinato de 26 pessoas fora encenado, e que as famílias e os socorristas eram “atores de crise”.
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No início desta semana, o Brasil assistiu estupefato ao relato dramático - e repugnante! - da ex-ministra do governo Bolsonaro, Damares Alves, eleita senadora no último dia 2 de outubro (infelizmente), sobre recém-nascidos estuprados, crianças traficadas para o exterior e prática de sexo anal e oral com meninas, que tiveram, segundo afirmou, dentes arrancados e alimentação pastosa para facilitar a violência sexual.
Em ato de campanha em Goiás, a bolsonarista fanática disse que o presidente Bolsonaro, com sua “inimaginável compreensão espiritual”, atuou para “salvar” essas crianças e, por isso, “o inferno se levantou contra ele”. Leia-se “inferno” o Supremo, o PT e a imprensa. No mesmo dia, não à toa, escrevi: ou Damares mente e comete crime eleitoral ou está obrigada a provar o que disse e a apresentar as provas dos fatos”.
Após uma avalanche de questionamentos, inclusive do Ministério Público do Pará, já que a mentirosa disse terem ocorridos os fatos na Ilha de Marajó, hoje, quinta-feira (13/10), recuou e afirmou ter “ouvido nas ruas” as histórias horrendas que divulgou como verdadeiras. Mentiu outra vez! Essas histórias circulam há anos nos websites obscuros e criminosos da chamada deep web (internet profunda).
Damares ainda não foi diplomada senadora e pode, sim, ser processada e condenada por crime comum. Deveria, mais que isso, ser severamente punida (com prisão e multa) por crime eleitoral, mas provavelmente não irá. Estamos em Banânia, onde Lula encontra-se prestes a se tornar presidente, e Bolsonaro ocupa o cargo. Eis a sorte daquela que encontrou Jesus sob uma goiabeira. Vivesse nos EUA e sua porca mentira iria torcer o rabo. Como é mesmo? Deus, Pátria e Família!