Por Ricardo Kertzman
Eu conheço o Leonardo Bertozzi, comentarista cracaço da ESPN e atleticano dos grandes, aliás, dos enormes. Mas ele não me conhece.
Tenho comigo um dos livros mais lindos da minha vida, "Nós acreditamos", que ele escreveu ao lado de outro gigante do jornalismo esportivo e do universo atleticano, Mario Marra, e de Mauro Beting.
O livro é sobre a saga alvinegra na Libertadores da América de 2013. Comprei logo vinte exemplares e presenteei meus companheiros daquela jornada épica. Costumo brincar que, até hoje, não sei se choro ou se não parei de chorar após a bola do paraguaio Jiménez beijar o poste direito do Victor.
Com dez anos de idade, naquele mesmo gol, chorei de tristeza após as bolas de Toninho Cerezo, Joãozinho Paulista e Márcio Paulada voarem longe. A vida é assim mesmo: um dia é da taça, outro do tricolor.
Leia Mais
Pedofilia, prostituição infantil, 'pintou um clima': Bolsonaro se justificaPintou um clima: Bolsonaro é incondizente com a dignidade humana; eu provoMoro e Bolsonaro: xerifão da Lava-Jato junto de réu da Lava-Jato; é o amorAcabou a paz: em vídeo, colunista do EM detalha atrito no Conselho do GaloVirou várzea: TSE, políticos e imprensa corroem a democracia brasileiraLiberais do Brasil: prisão para empresário, dinheiro público para políticoEu estava morando fora do Brasil, em Nova York, justamente pelo mesmo motivo que o Leo, hoje, lembra do pai. Minha mãe havia falecido meses antes, em dezembro de 2020, muito pela fraqueza geral de seu frágil corpo e delicada saúde, pouco pelo vírus que levou-lhe o resto da força.
Desolado e sem rumo dentro de casa, onde ela viveu seus últimos cinco anos comigo e minha família, aproveitando a maldita pandemia e as aulas remotas da minha filha, me mandei para os EUA na tentativa de aliviar, ao menos um pouco, a dor, e para tomar a vacina que um certo alguém, sócio do corona, bajulador da morte, sonegou aos brasileiros.
“Faz um ano que perdi meu pai. Sempre que a saudade aperta, volto a nossa última troca de mensagens. Meu coração na hora se aquece. Ele tinha um tremendo orgulho da minha trajetória. Ele devia estar aqui conosco. E eu espero que quem não se esforçou para que ele estivesse, quem debochou de milhares de pessoas que ainda deveriam estar aqui conosco, um dia pague por isso”, escreveu Bertozzi em seu post.
Leo, eu te conheço, você não me conhece, nossos pais, espero, agora se conhecem, ambos conhecemos o Marra, que nos conhece, o Atlético perdeu de novo e tô contigo: esse miserável tem de pagar. Forte abraço!