Jornal Estado de Minas

OPINIÃO SEM MEDO

Mais dois ataques: Bolsonaro, bolsonarismo e o ódio irascível às mulheres

Você pode não gostar de Marina Silva e, particularmente, eu não gosto. Acho-a extremamente egoísta e oportunista, além de limitada e monotemática. Mas é uma das maiores políticas do País, uma moça à prova de qualquer acusação moral e incapaz de gestos agressivos e grosseiros além do tolerável. Antes de ontem (sexta-feira, 21/10), foi agredida por um grupo de bolsonaristas em um hotel da zona sul de Belo Horizonte, chamada de vagabunda e perturbada por outros zurros enquanto comia uma pizza.





Você pode não gostar de Cármen Lúcia e, particularmente, eu não gosto. Acho-a titubeante, pouco convicta e, amparado pela opinião de vários amigos advogados, juridicamente fraca. Nesta quinta-feira (20/10), votou pela censura prévia a um canal de vídeos, explicando-se, de forma patética, mais ou menos assim: sou contra, mas voto a favor. Não gostei nem concordo. É do jogo. Mas vejam o que disse a respeito, o criminoso Roberto Jefferson, aliado e guru de primeira hora do presidente da República, Jair Bolsonaro:

“Fui rever o voto da Bruxa de Blair, da Cármen Lúcifer, na censura prévia, e não dá para acreditar. Lembra mesmo aquelas prostitutas, aquelas vagabundas, arrombadas, que viram para o cara e dizem: 'Benzinho, no rabinho é a primeira vez'. Ela fez pela primeira vez. Abriu mão da inconstitucionalidade pela primeira vez. A Bruxa de Blair é podre por dentro e horrorosa por fora. Se puser um chapéu bicudo e uma vassoura na mão, ela voa. Deus me livre dessa mulher que tá aí nessa latrina que é o Tribunal Superior Eleitoral”.

Os ataques baixos, covardes e machistas às jornalistas Vera Magalhães e Patrícia Campos Mello, bem como a outras colegas delas, por parte do próprio Bolsonaro e aliados próximos, são costumeiros e conhecidos. Aliás, sobre a própria filha, o presidente já se referiu dizendo ter “fraquejado na hora”, por isso veio uma menina. Sem contar nos embates diretos, nos debates recentes, em que foi, no mínimo, deselegante com as senadoras-candidatas Simone Tebet e Soraya Thronicke (que o chamou, em resposta, de “vara curta”).   

Ainda repercutem as falas discriminatórias e de cunho pedófilo, do patriarca do clã das rachadinhas e das mansões milionárias compradas com panetones e dinheiro vivo, Jair Bolsonaro, sobre adolescentes venezuelanas, refugiadas ao lado de Brasília, quando as acusou de prostitutas infantis e, de forma inaceitável, alegou “ter pintado um clima” entre eles. É a prova cabal do que pensa e sente, e que não faz a menor questão de disfarçar. Bolsonaro e o bolsonarismo simplesmente não toleram o sexo feminino. Deviam mudar-se todos para o Irã.