Jornal Estado de Minas

RICARDO KERTZMAN

Mais tragédia: da Raja Gabaglia ao BNDES, Brasil é privatizado por extremos

Esta coluna nasceu sob encomenda. Explico: Um amigo querido, cansado do caos que tomou conta da Av. Raja Gabaglia em Belo Horizonte (desde que Jair Bolsonaro, o verdugo do Planalto, foi desalojado do desgoverno por Lula da Silva, o meliante de São Bernardo), por causa da turba da terceira idade branca e de classe média que pede golpe militar às portas do quartel do Exército, deixando livre apenas uma faixa de trânsito, me pediu para escrever - outra vez!! - a respeito. 





Porém, como de meu feitio, juntei lé com cré (outro de meus defeitos ao escrever, além de me alongar bastante e digredir em demasia) e, após ouvir o discurso desta terça-feira (13) do presidente eleito, anunciando Aloízio Mercadante para a Presidência do BNDES e o fim das privatizações no Brasil (me pergunto, inclusive, quais?), cá estou a resmungar - como sempre!! -, misturando alhos com bugalhos e descendo a borduna no chefão petista, em complemento à encomenda feita pelo meu amigo.

O Brasil é, histórica e indiscutivelmente, um país de castas e privilégios onde o assalto à população, pelo Estado, se dá, via de regra, pelos impostos abusivos e a ocupação da corte (e seus amigos) na máquina estatal. Se você faz parte da casta do funcionalismo público nas três esferas (municipal, estadual e federal), nos três poderes (executivo, legislativo e judiciário) e/ou pertence ao seleto grupo de profissionais e empresários ligados ao rei, parabéns! Não tem nada do que se queixar.

Agora, se, ao contrário, você é apenas mais dos burros de carga, como o otário que vos escreve, pode começar a apertar ainda mais o cinto, cumpadi, porque, como bem disse um ministro do STF, “perdeu, mané”. Sim, lá do Planalto, Lula mandou avisar: “vai acabar as privatizações nesse país (sic)”. Bem, ainda que jamais tenhamos tido tantas privatizações assim desde Fernando Henrique Cardoso, não deixa de ser mais uma má notícia para os pagadores de impostos - e uma ótima notícia para os donos do poder.





Paulo Guedes, o ex-Posto Ipiranga, acertadamente, já chamou de “parasitas” a casta do funcionalismo, e disse mais: “Somos 200 milhões de trouxas sendo explorados por seis bancos, seis empreiteiras, seis empresas de cabotagem e seis distribuidoras de combustíveis”. Faltou completar a lista com seis partidos políticos, mas tudo bem. O fato é que, a despeito do diagnóstico correto, nada fez para mudar a realidade dos trouxas. Ao contrário! Ele e seu patrão pularam para dentro do “sistema”.

O Banco Nacional de Desenvolvimento Social (BNDES), ao lado da Petrobras e de outras estatais, foram fonte de recursos ilimitados para a corrupção generalizada da cleptocracia lulopetista durante 14 intermináveis anos, e, ao que parece, o tempo das raposas no galinheiro voltou, e reconheçamos: o patriarca do clã das rachadinhas e das mansões milionárias, compradas com panetones de chocolate e dinheiro vivo, estancou a sangria. Bolsonaro e Guedes recuperaram as estatais e as livraram da (grande) corrupção.

“Pô, Ricardo, cadê as privatizações do título?”. Ué, estão aí, leitor amigo, leitora amiga. Lula e o PT privatizaram, para si, outra vez, o aparelho do Estado, e os golpistas grisalhos e barrigudos privatizaram ruas, avenidas, estradas e portões dos quartéis Brasil afora, onde pedem SOS às Forças Armadas e aos ETs, infernizando o trânsito e a vida de quem mora e trabalha nos locais onde se encontram para jogar dominó, beber água de coco e comer churrasquinho de gato, até poderem voltar para a triste realidade de suas casas.

Estou sendo duro e ofensivo  com a turba? Sim, estou. E o relato de uma senhora, que enfrenta diariamente mais 20 ou 30 minutos de trânsito, presa em um ônibus lotado após trabalhar o dia inteiro, tentando voltar para casa, por causa dessa porcaria de manifestação, como é mesmo?, antidemocrática, não apenas me incentiva como me habilita a ser desrespeitoso com quem também o é. O Brasil, meus caros e caras, há muito deixou de ser “nosso” e passou a ser “deles”. O país foi privatizado e não nos contaram, apenas nos mandaram a conta.