Sim, sou atleticano fanático e conselheiro eleito, com muita honra, do Clube Atlético Mineiro. Mas também sou, deixe-me ver, empresário, jornalista, pai, marido, irmão, tio, genro, padrinho, amigo, viciado em torresmo, coca-cola, picanha, enfim…
Se por causa de todas estas, digamos, qualidades acima, eu me tornasse incapaz, ou suspeito, para comentar a respeito, teria - assim como você, leitor amigo, leitora amiga - que me manter mudo ao longo da vida. Por que tal digressão? Explico.
Escrevo diariamente neste site e também no da revista Istoé, além de participar do programa Conversa de Redação, da Rádio Itatiaia, sobre política, economia e outros assuntos de interesse geral, sempre na condição de cidadão e espectador do cotidiano, nunca como especialista de nada (pois não sou).
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Dias atrás, escrevi sobre a verdadeira saga que enfrenta a Arena MRV, para conseguir ficar pronta e ser finalmente inaugurada em março de 2023. Prefeitura de Belo Horizonte, pandemia, inflação, disrupção da cadeia produtiva, burocracia estatal, contrapartidas e até, pasmem!, STF, juntos, formaram um time difícil de ser batido.
Contudo, do lado de cá da história, vestindo o manto sagrado alvinegro, profissionais ultra capacitados e atleticanos abnegados, mantendo a tradição do Clube, jogam com “muita raça e amor”, e em poucos meses darão aos mais de oito milhões de torcedores do Galo e à cidade de Belo Horizonte, a mais moderna arena multiuso da América do Sul.
Para começar, o estádio está sendo construído em uma área de 192 mil metros quadrados e terá investimentos de cerca de 1 bilhão de reais (em obras diretas e de contrapartidas). Estamos falando de mais de 4 mil empregos diretos, mais de 2 mil empregos indiretos, mais de 6 mil empregos induzidos e quase 13 mil novas ocupações no total.
CIFRAS ESPANTOSAS E PODER PÚBLICO
Os investimentos, ao final, poderão gerar mais de 350 milhões de reais de renda direta, sob a forma de salários, rendimentos de autônomos, lucros das empresas e pagamento de tributos. Considerando os fornecedores diversos, a renda indireta é de mais de 200 milhões de reais. A renda induzida, em função dos efeitos sobre a economia em geral, ultrapassa os 500 milhões de reais.
Portanto, considerando os efeitos diretos, indiretos e induzidos, o investimento de 1 bilhão de reais na obra da Arena MRV poderá gerar uma renda total de mais de 1.3 bilhão de reais. Senhoras e senhores, é dinheiro pra chuchu! Dinheiro que o Clube Atlético Mineiro e sua casa estão trazendo para toda a cidade e estado.
Infelizmente, ainda assim, o Poder Público, sobretudo o municipal, não parece muito disposto a caminhar de mãos dadas, em benefício da população de BH, e mais especificamente da região em que se encontra o estádio, com a iniciativa privada (como sempre, aliás), ao contrário do que ocorre em outras cidades no Brasil e mundo afora.
Em que pese os esforços da turma do “chão de fábrica” (servidores públicos capacitados e dotados de boa fé e boa vontade), os “andares de cima” da máquina municipal precisam trabalhar com mais afinco e velocidade. O plano viário, por exemplo, foi inicialmente apresentado à BHTrans em março de 2000, e somente aprovado recentemente, em meados deste ano.
ENCERRO
Como informei no início deste texto, ser atleticano e conselheiro do Galo não muda a verdade dos fatos. Todos os dados aqui utilizados foram fornecidos pela Arena MRV, tiveram como base fontes oficiais como o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a Fundação João Pinheiro e a Secretaria Especial de Previdência e Trabalho do Ministério da Economia, e foram atualizados de forma aproximada (por mim) a valor presente.
Na próxima coluna, abordarei os impactos sociais e econômicos na região de influência da Arena MRV, notadamente os bairros Camargos, Santa Maria e Califórnia, onde vivem aproximadamente 30 mil habitantes. E mais uma vez, antes de encerrar, clamo às autoridades envolvidas - alô, prefeitura de BH, governo de Minas e Ministério Público!! - o olhar parceiro que deve ter o Poder Público em benefício da sociedade.
Não há fórmula para se superar uma crise econômica senão muito investimento (privado, já que o público é limitado pela situação fiscal calamitosa em que se encontram municípios, estados e União) e muito trabalho. O Atlético e a Arena estão fazendo sua parte, bem como a massa de trabalhadores dedicados. Março se avizinha ligeiro, e os 46 mil lugares do estádio do CAM não veem a hora de pulsar forte e ecoar o hino tão alto, mas tão alto, que o Mineirão e o Independência terão de tampar os ouvidos - ou gritar Gaaaaaloooo também.