Jornal Estado de Minas

RICARDO KERTZMAN

Na Copa mais chata da minha vida, Messi pode me salvar

Acho que estou ficando velho. Cada vez mais ranzinza e reclamão, tenho certeza. Dores, então, nem se fala. E o que dizer sobre nem lembrar que existe Copa? Sério. Não assisti a nenhum jogo senão os do Brasil - e olhe lá. 





Não fosse o convite irrecusável do Jabes, nem a final eu assistiria. Costumo dizer que não gosto de futebol; gosto do Galo. E é verdade. Mas hoje, excepcionalmente, irei gostar da Argentina. Ou melhor, do Messi.

Futebol é um esporte cruel, costumeiramente injusto. Sem contar que é um esporte para ladrões (de bastidores). E dentre as maiores injustiças históricas estaria - ou estará - o argentino se aposentar sem ganhar um mundial.

Ronaldinho tem Copa. Ronaldo tem Copa. Maradona tem Copa. Pelé tem Copa. Pô, até Zidane tem Copa. Messi parar sem o título máximo do futebol mundial seria - ou será - muita, mas muita sacanagem.





Na casa dos 50 sou um privilegiado. O número de craques que vi jogar, graças ao avanço das comunicações, especialmente a TV, é interminável. A internet, nos últimos 10 anos, alargou ainda mais a lista. Messi, sem dúvida, está no “Top Five”.

Fora de campo não é simpático e carismático como foram Ronaldinho e Pelé. Igualmente não é, ainda bem, um “mala” como Neymar e Maradona. Discreto, tímido e até um pouco antissocial, o camisa 10 é quase marrento.

No gramado, me lembra muito o Reinaldo (pela genialidade e improviso), o Hulk (pela explosão e objetividade) e o Ronaldinho (pelo protagonismo do início ao fim). Só jogadores do Galo? Óbvio! Eu já não disse que não gosto de futebol?

Semana passada eu estava em Buenos Aires com meus irmãos y hermanos. Quem diz que argentino não é gente boa demais, deve ser gente chata demais. Soubessem assar carne como nós e beber cerveja gelada, seriam brasileiros. 

Estavam loucos com a Copa, como sempre, e muito confiantes. Assistimos a Brasil x Coreia num bar, ao lado de dezenas de brasucas, misturados a dezenas de argentinos, e sonhávamos juntos por uma semifinal que não veio.

Logo mais irei cumprir minha promessa, feita ao garçom que nos atendia, ao motorista do uber, ao porteiro do hotel, à moça da adega, ao pessoal do check-in da Gol e aos amigos e irei, espero, festejar a vitória, não da Argentina, mas de Lionel Messi. Dale, hermanos!