A casta do funcionalismo público brasleiro, nas três esferas (municipal, estadual e federal) e nos três poderes (executivo, legislativo e judiciário), não satisfeita em pertencer ao estrato mais rico da sociedade (está entre o 1% mais abastado do País), contar com benefícios, mordomias e privilégios inimagináveis ao cidadão comum, gozar de estabilidade funcional, aposentadoria especial e acúmulo de vencimentos quase ilimitados, decidiu se conceder um reajuste para lá de generoso ao apagar das luzes de 2022, em meio às negociações - e negociatas! - de PEC, teto de gastos, orçamento secreto, nomeações para o novo governo entre outras “cositas más”.
Durante o programa Conversa de Redação, da Rádio Itatiaia, onde participo diariamente como comentarista, eu e meus colegas debatemos a respeito. Pessoalmente, minha indignação se dá menos com os valores envolvidos e mais com a estrutura de organização do Estado. Por mim, o funcionalismo público estaria submetido a regras claras e permanentes, independentemente do poder executivo e da legislatura de ocasião, as mais próximas o possível das regras da iniciativa privada, que é quem banca a farra toda. Não consigo aceitar que 99% dos brasileiros, a maioria em condição de pobreza, quando não raro de absoluta miséria, sejam obrigados a custear o que Brasília decide em favor de si mesma.