São tão raras as boas notícias vindas da política, infelizmente, que fico verdadeiramente feliz quando leio ou escuto alguma. Nos últimos anos, a Câmara dos Vereadores de Belo Horizonte, dentro do baixíssimo padrão político brasileiro, vem nos brindando com boas novas, e isso merece ser reconhecido e valorizado, principalmente por mim, que sou tão ácido - e ranzinza! - com políticos e governantes.
A qualificação dos parlamentares nas duas últimas legislaturas é visível, e isso já seria motivo para comemoração. Mas a higidez com os gastos da Casa (tem havido devolução de parte do dinheiro do orçamento), as ótimas Presidências (Nely Aquino e Henrique Braga), a otimização e regulação (constitucionalidade) dos projetos, que aumentaram em muito a produtividade, complementam o quadro positivo.
NEM TUDO SÃO FLORES
É verdade: houve vereador cassado por rachadinhas; certa conivência, e por que não dizer?, compadrio com o ex-prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil, por parte de diversos membros da Casa; projetos horrorosos aprovados como a aberração do Plano Diretor, fetiche da ex-secretária Maria Caldas e do próprio Kalil (que será investigado a partir de fevereiro em uma CPI); e outros deslizes.
Houve também, e aí o motivo desta coluna, um ou outro vereador, notadamente, neste caso, Leo Burgues, que ultrapassou - e muito! - o limite do aceitável, e protagonizou tristes espetáculos de descompostura como o recentemente ocorrido durante a eleição da Presidência da Câmara e Mesa Diretora, chegando inclusive à violência física contra colegas e depredação das instalações da CMBH.
LEO BURGUÊS
Este senhor já é velho e contumaz frequentador das páginas, digamos policiais, da capital mineira. De cabeça, posso recordar os episódios envolvendo a agressão a dois travestis em 2007; o "escândalo” das coxinhas, pelo qual foi condenado em 2021 pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE); a insinuação, por um vereador, de uso de cocaína nas instalações da Câmara, dentre outros que demandariam mais tempo do que já lhes tomei.
A última deste senhor chegou ontem, sexta-feira (27/01), com o pedido de indiciamento por suspeita de crimes de peculato, corrupção passiva e corrupção ativa, advocacia administrativa, lavagem de dinheiro e organização criminosa feito pela Polícia Civil. Hoje (sábado, 28), tomamos conhecimento de que a Prefeitura de Belo Horizonte exonerou, ontem, dois servidores ligados ao vereador por suspeita de “rachadinhas”.
ATÉ QUANDO?
De acordo com as investigações do Ministério Público, esses servidores devolviam a Burguês parte dos salários. O MP-MG identificou o pagamento de despesas do gabinete, de caixa de campanha e de contas pessoais do vereador, além de movimentações bancárias com saques em espécie incompatíveis com os salários e gastos destes funcionários, sempre em favor de Leo Burguês.
Há um velho ditado popular que diz: “a cada enxadada uma minhoca”. É impressionante como este senhor insiste em ter o nome ligado a “malfeitos”, como impressionante é a inação de seus colegas que permitem que manche o bom trabalho por eles realizado. Onde estão Pedro Patrus, Bruno Miranda, Fernanda Altoé, Juliano Lopes e outros ótimos vereadores sempre tão atentos e vigilantes? Até quando Leo Burguês seguirá constrangendo a Câmara e a cidade?