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Estado de Minas OPINIÃO SEM MEDO

SAF do Galo: o que adianta uma Ferrari sem ter dinheiro para pagar o IPVA

Fosse eu o dono do Atlético e "passava tudo nos cobres"


10/02/2023 12:34 - atualizado 10/02/2023 13:17

Arena MRV
A arena mais linda e moderna da América do Sul (foto: Reprodução)
Pronto. Já inventaram algo novo para reclamar. Nas redes sociais de torcedores atleticanos, a discussão agora gira em torno da possibilidade de a Arena MRV e a Cidade do Galo entrarem no negócio da Sociedade Anônima de Futebol (SAF) que o Atlético negocia com investidores, e que deverá ser anunciada oficialmente nos próximos dias.

Os bem-intencionados reclamam que “perderemos nosso maior patrimônio”. Os mal-intencionados dizem que “estão dando nosso maior patrimônio”. Amigos, nem uma coisa nem outra. Se o negócio se concretizar dessa forma, o CAM estará  "vendendo" cerca de metade destes ativos para, principalmente, quitar suas dívidas.

O título desta coluna ilustra bem a situação atual do Galo. Ser o proprietário da arena mais moderna da América Latina, avaliada em mais de 1 bilhão de reais, certamente enche de orgulho qualquer atleticano que se preze. Porém, sem dinheiro para operá-la adequadamente, e mais, para mantê-la brilhando nos próximos anos, o orgulho se esvai.

O mesmo raciocínio vale para a Cidade do Galo, reconhecida internacionalmente como um dos melhores centros de treinamento do mundo. Pessoal, vocês têm ideia do custo anual de manutenção daquela belezura toda? Bem, vendendo parte do CT, o Clube não apenas terá dinheiro para pagar suas dívidas, como dividirá as despesas com seu sócio.

Sim, porque se tudo sair como anunciado, o Atlético será sócio da SAF com expressiva participação acionária. Sem contar a presença dos chamados 4Rs (Rubens e Rafael Menin, Renato Salvador e Ricardo Guimarães). Ou seja, contará com a entrada fundamental de dinheiro, ao mesmo tempo em que repartirá os custos e, claro, os lucros.

O brasileiro que tem a sorte de poder consumir bens e produtos de alto valor agregado, costumeiramente o faz através de parcelamento (prestações). Nos países desenvolvidos, os juros costumam ser baixos e a renda elevada, trazendo certo equilíbrio ao mercado. No Brasil, infelizmente, a realidade é outra, e bastante desequilibrada por sinal.

Culturalmente, ou mesmo por mera satisfação imediata (desejo legítimo, por sinal, diante de uma vida tão dura), a maioria dos brasileiros se endivida de forma incompatível com a própria renda, haja vista a gigantesca inadimplência e as dezenas de milhões de CPFs “negativados”. Com os juros nas alturas, o quadro é simplesmente caótico.

Assim, não é incomum um vizinho usar um smartphone de última geração, mas não pagar o condomínio. Ou o coleguinha do filho chegar à escola em carro zero, mas a mensalidade estar atrasada. O Atlético, meus caros, vive exatamente essa situação. Mora em Lourdes, tem sítio em Vespasiano, campinho de pelada no Califórnia, mas deve os tubos.

Fosse eu o “dono” do Galo e “passava tudo nos cobres”. Venderia Arena, CT, shopping, sede e o que mais tivesse. Pagaria minhas dívidas, deixaria de enriquecer bancos e financeiras, arrumaria minha casa e iria, aí sim, curtir a vida, à beira das piscinas do Labareda e da Vila Olímpica, assistindo ao Galão da Massa ser campeão na Arena MRV.

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