Jornal Estado de Minas

RICARDO KERTZMAN

Arena MRV: quando o arquiteto é bom, o Arquiteto maior assina embaixo

Tenho religião, mas não sou religioso. Sou judeu por parte de pais, avós e bisavós (até onde sei), mas não professo como deveria os costumes de meus antepassados. Minha fé - ou crença - no que não vejo nem toco limita-se a sentimentos confusos sobre Deus, destino, meus pais que se foram, minha avó paterna (que também se foi) e eventos que não consigo explicar ou entender, dentro da minha racionalidade.





Sim, tenho pensamentos e superstições como todo mundo, ainda que os considere inúteis, disfuncionais e tremendamente obsessivos. Com o Galo, então, nem se fala. Por alguma razão, acho que beijar o escudo da camisa dá sorte; afastar o lixo sob meus pés, no estádio, também, e imaginar que tomaremos gol nos últimos minutos faz parte dessa idiotice (pior é que tomamos muitos gols assim).

Mais cedo vi a imagem - e compartilhei com amigos - capturada pela câmera do Henrique André, meu brother da Itatiaia, mostrando o sol desenhando o escudo do Atlético na arquibancada da Arena MRV. Agora há pouco, à noite, meu filósofo preferido, Renato de Faria, que escreve coisas fabulosas no Portal UAI, me enviou a mesma imagem e me pediu um texto a respeito. Putz! É como o Hulk me pedindo para jogar com bola com ele.

Assiste a vídeos com os gols e jogos heróicos e quase desidrata, coitado. Na mensagem, jurou que não estava bêbado. Huuum… domingão à noite, o cara mora na roça, sei não, hein? Daí me envia um link do Youtube com a música Juízo Final, da saudosa e eterna Clara Nunes. Querem saber? Tá tonto, sim!

“O sol há de brilhar mais uma vez. A luz há de chegar aos corações. Do mal será queimada a semente. O amor será eterno novamente. É o juízo final. A história do bem e do mal. Quero ter olhos pra ver. A maldade desaparecer”. Tá aí a letra para quem não conhece. Não sei o que mais tocou o Renato, para fazê-lo associar a imagem à música, mas a mim foi: “Quero ter olhos pra ver. A maldade desaparecer”.

Esqueçam a maldade e reflitam sobre “quero ter olhos pra ver”. Eu vi. Uma escultura listrada gigantesca, quase vazia, quase silenciosa, mas já pulsando a força que ninguém tem. “Força? Você agora acredita nisso, Ricardo?”. Uma pessoa, também ao ver a imagem acima, escreveu: “isso é Deus abençoando”. Eu respondi: quando o arquiteto é bom, o Arquiteto (com M maiúsculo) assina embaixo. Respondi a pergunta?