Se é verdade que a internet deu voz a idiotas, conforme vocalizou o escritor e filósofo italiano Umberto Eco (1932-2016), igualmente, no Brasil - e acho que no mundo -, alçou à condição de líderes políticos, não apenas os idiotas, mas palhaços e irresponsáveis de toda sorte, em busca de fama, poder e fortuna instantâneos.
As redes sociais amplificaram de tal forma os urros das cavernas, disfarçados de vozes da liberdade de expressão, proferidos por subcelebridades tupiniquins do Tik Tok e outras formas de desinformação em massa, que o mundo político, palco tradicional de pilantras, foi tomado por animadores de auditório de quinta categoria.
O diabo é que o pão e circo moderno - na verdade lixo e rinha selvagem - não se restringem às fronteiras dos parlamentos (nacional, estadual e municipal), pois se assim fosse, menos pior, gastaríamos fortunas e manteríamos o país no buraco, mas ainda assim, de alguma forma, democrático e afeito ao apego às Instituições de Estado.
Porém, o show de horrores diário, protagonizado por gente como Nikolas Ferreira, André Janones, Coronel Sandro, Carla Zambelli e André Fernandes, apenas para ficar com os mais notórios e recentes casos de indecoro parlamentar explícito, representam muito mais do que a degradação política do Brasil; são verdadeiros vírus antidemocráticos.
Essa gente rebaixa o moral democrático do país, mina o anseio democrático da população, promove, além de desinformação e ódio social, repulsa por valores políticos e democráticos, transformando, ou melhor, resumindo toda a atividade parlamentar e política a uma guerra de torcidas organizadas, onde o que menos importa é o resultado, mas a agressão.
É A LAMA, É A LAMA
Janones chama Nikolas de chupetinha, que veste peruca loira e se auto denomina Nikole, que assiste a um coronel (Sandro) chamar de gatinha de pelúcia uma colega parlamentar (Beatriz Cerqueira) - que de “santa” não tem nada (saiba o porquê) -, que ri ao ouvir um outro colega (André Fernandes) ser chamado de terraplanista por um ministro (Flávio Dino).
Ao fim do dia, ou da semana, todos estes agentes do caos, incompetentes e incapazes em suas atividades, mas exímios vendedores de si mesmos e suas pautas inúteis, enchem as burras de dinheiro e benefícios, condenando à miséria e ao atraso os 215 milhões de contribuintes otários, representados nas urnas por 160 milhões de votos inúteis.
Há muitas maneiras de se destruir a democracia: tanques e canhões parecem coisas do passado. Fake News e desinformação em massa, também, ainda que em pleno uso. Nacionalismo e patriotismo - nomes bonitos para fascismo e nazismo - são mais comuns. Agora, bom mesmo, é degradar o ambiente político, até que seja tão insuportavelmente nauseante se interessar por política, que qualquer coisa que a substitua parecerá melhor.