Jornal Estado de Minas

RICARDO KERTZMAN

Arena MRV: agora o Galo tem um terreiro; e para sempre

Foi uma jornada épica de sangue, suor, lágrimas, dedicação e muito, mas muito amor. Do impossível a 15 de abril de 2023, passaram-se nove anos e quase seis meses. Muita gente boa e querida chegou, e muita gente boa e querida se foi. 





No meio do caminho, entre a dor e a frustração de dezembro de 2013, no Marrocos, e a gloriosa manhã deste sábado passado, inimigos inimagináveis postaram-se aguerridos contra o sonho de um grupo de obstinados e abnegados atleticanos.

INIMIGOS À VISTA

Em menos de dez anos, episódios que não assistíamos há séculos como uma pandemia, ou uma guerra envolvendo nada mais nada menos que Rússia e, indiretamente, Estados Unidos. Afora anos perigosamente instáveis no Brasil.

“Alguns tentaram impedir que esta Arena estivesse de pé. Eles perderam; o Galo ganhou”, resumiu o vereador Gabriel Azevedo, presidente da CMBH em seu discurso. Tem razão. Muita gente lutou contra e com muito afinco. E perdeu.





Dentre os inimigos inimagináveis, um atleticano notório, com grande influência, que no uso do Poder fez o possível e o impossível para impedir, atrasar e encarecer ao máximo a conclusão do estádio alvinegro, por puro recalque.

DISCURSOS

Nos discursos proferidos durante a cerimônia de inauguração, sem qualquer menosprezo e desconsideração aos demais, duas passagens me chamaram sobremaneira a atenção. O prefeito Fuad Noman disse: “Agora este Galo tem um terreiro”.

Sim. É isso! O Galo tem um terreiro, o seu terreiro, e ganhar do Atlético em sua casa será tarefa duríssima para qualquer clube do Brasil e do mundo. Fuad, um grande atleticano que tem feito o possível para colaborar, marcou um golaço.




EMOÇÃO

Eu recebi dezenas de mensagens e fotos (no WhatsApp) de gente muito querida, na Arena, emocionada com o que estava vivendo. E sempre que havia crianças nas fotos, eu chorava feito bebê, imaginando o tamanho daquele dia para todos.

Essas crianças - e seus pais - jamais esquecerão essa data. Assim como eu jamais esqueci a primeira vez que assisti a um jogo do Galo no Mineirão. É uma memória eterna, que ficará para sempre marcada na vida de muitas famílias atleticanas.

ETERNIDADE

E é sobre eternidade minha reflexão final. É sobre eternidade a segunda passagem que me chamou a atenção nos discursos. Renato Salvador, um dos 4Rs, definiu: “a Arena é o passaporte do Galo para a eternidade”. Perfeito!





Se não existe imortalidade (ainda), existe eternidade, feita de história, de símbolo, de legado. A Arena é a representação física do “nosso time é imortal”, fincada sobre um magnífico platô no Bairro Califórnia, em Belo Horizonte.

Freddy Mercury é eterno. Einstein é eterno. Pelé é eterno. Para os atleticanos, os 4Rs são eternos. Sergio Coelho e Dr. José Murilo Procópio, também. Seus nomes se fundiram para sempre com a história do Clube. Não precisam de símbolos, pois símbolos de si mesmo.

ENCERRO

Mas há outro nome, senão anônimo, porque de anônimo não tem nada, menos emblemático, e por isso precisa de representação (sempre os símbolos!!). E aqui faço um apelo aos 4Rs e a toda diretoria do Atlético:

Uma placa enorme, visível, linda, ou um busto como antigamente se fazia em homenagem aos grandes nomes, ou ainda uma estátua - não sei, que alguém pense e descubra a melhor forma. Mas encontrem uma maneira de homenagear, na dimensão e importância que merece, Bruno Muzzi. Daqui a vinte, trinta, quarenta anos, todos terão de saber quem ele foi.