Jornal Estado de Minas

OPINIÃO SEM MEDO

De joelhos para o crime: parte do governo Lula se acovardou em 8 de janeiro

“Uma imagem vale mais que mil palavras”. Fato. Mas palavras podem representar muita coisa: verdade, mentira, manipulação… Lembrei-me agora de outro ditado popular, “contra fatos não há argumentos”, tão ou mais passível de engano quanto o anterior. Amigos, quase sempre uma história tem três lados: o seu, o meu e a verdade, hehe. Os seres humanos são assim mesmo, imperfeitos.





O vídeo vazado e divulgado pela CNN, mostrando o ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) do governo federal, General Gonçalves Dias, homem de confiança e parceiro de longa data do presidente Lula, vagando pelos corredores do Planalto durante os atentados terroristas de 8 de janeiro, indiscutivelmente patrocinados e praticados por bolsonaristas extremados, sugerem algumas coisas.

A depender do espectador, há patente omissão. Ou melhor, ninguém pode discordar de que, sim, houve omissão. Mas a depender da interpretação, tal omissão pode ter sido motivada por medo, incapacidade, incompreensão - e este é o meu caso -, ou, na pior das hipóteses, por conluio, cumplicidade, o que valeria dizer: o general atuou em favor da tentativa de golpe de Estado e contra seu amigo e chefe.

O vídeo é claro, ainda que dele interprete-se o que (e como quiser). Como clara foi a disposição do governo em ocultar as imagens, determinando sigilo de 5 anos sobre as mesmas. A pergunta a ser respondida é: Lula quis preservar as investigações, quis proteger seu amigo general, foi enganado ou simplesmente quis - e atuou neste sentido - colocar mais fogo no parquinho com propósitos políticos?

O presidente foi ligeiro, ainda em 8 ou 9 de janeiro, não me lembro bem, em apontar servidores do governo - inclusive das Forças Armadas, as quais o GSI está ligado - como cúmplices dos atentados (e isso joga em seu favor). Aqui vale lembrar que os agentes do GSI que aparecem no vídeo, ao lado do ministro, foram nomeados pelo General Heleno, homem de confiança do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Assim, se a narrativa bolsonarista pretende responsabilizar a vítima pelos crimes e se baseia na proximidade entre Lula e Dias, a contra-narrativa petista se baseia na equipe formada pelo governo anterior. Daí minha lembrança acima sobre não haver argumentos contra fatos. Ao contrário. Há, sim, e muitos. Sempre. Basta sair da caixa e refletir sem pré-conceitos e com o mínimo de boa-fé intelectual.