Jornal Estado de Minas

RICARDO KERTZMAN

Lula trabalha com afinco por retorno do bolsonarismo em 2026

Uma das questões mais misteriosas da natureza é: quem veio primeiro; o ovo ou a galinha? Pois é. 

Anos atrás - muitos anos!! - havia uma marca de biscoitos muito famosa, acho que Tostines, cuja propaganda dizia: Tostines vende mais porque é fresquinho ou é fresquinho porque vende mais? Se não for Tostines me perdoem, mas não estou com o menor saco de pesquisar.





QUEM NASCEU PRIMEIRO, AFINAL?

Qualquer um que se interessa por política, e pensa com mais de dois neurônios, não hesita em concordar que o lulopetismo, leia-se atraso, fisiologismo, corrupção, populismo, autoritarismo e outras mazelas mais, foi, senão o criador, o catalisador que levou Jair Bolsonaro ao poder - com o consequente crescimento do extremismo de direita.

Igualmente, não é possível negar que foi o próprio patriarca do clã das rachadinhas e das mansões milionárias, compradas com panetones de chocolate e muito dinheiro vivo, quem - com profunda ignorância, requintes de crueldade e forte inclinação golpista - ressuscitou das catacumbas do inferno o chefão petista.

Sim. Se o ex-verdugo do Planalto não conspirasse diuturnamente, desde que assumiu a Presidência, contra a democracia; se não se associasse ao novo coronavírus para dizimar mais de 700 mil brasileiros; se não investisse contra a imprensa, o Congresso e o STF; enfim, se não fosse quem é - e não andasse nas companhias que anda (Queiroz, Zambelli, milicianos, Collor, bolsokids e outras porcarias do gênero) -, provavelmente teria sido reeleito e Lula da Silva, o ex-tudo (ex-condenado, ex-presidiário, ex-corrupto e ex-lavador de dinheiro) ainda estaria residindo na PF de Curitiba.





DESENHANDO PARA VOCÊS

Iniciei esta coluna falando de ovo e de galinha, e de biscoito, pois a analogia é essa mesmo: quem é o responsável por quem nessa merda toda que se tornou o Brasil nos últimos anos (não que antes fosse muito melhor, diga-se)? Lula é o responsável por Bolsonaro ou vice-versa? Porque, acreditem, meus caros e minhas caras, o ciclo dos horrores não terminou. Muito pelo contrário.

Nem bem assumiu, em janeiro último, e o líder do mensalão já começou a trabalhar pelo retorno do bolsonarismo. Menos pior que o devoto da cloroquina estará inelegível em 2026, mas outro - ou outras da espécie - estará lá, muito forte, com absoluta certeza. Por quê? Bem, nem completou seis meses de mandato e o Barba já se amancebou com a Argentina, vociferou contra a Ucrânia, abrigou Nicolás Maduro, tretou com os EUA e com o Dólar, atacou o agronegócio e o Banco Central e, agora, contrariando despudoradamente o que disse durante a campanha eleitoral, indicou seu advogado pessoal, Cristiano Zanin, para ministro do Supremo.

Lula, assim, não apenas enxovalha e rebaixa mais um pouco as instituições democráticas e o que sobrou de decoro pela Presidência como alimenta precocemente, com nitroglicerina pura, a fogueira golpista que, apesar de quase apagada, ainda mantém-se em brasas quentes. O pai do Ronaldinho dos negócios perde mais uma oportunidade de construir um futuro melhor, de dar bom exemplo e de levar um mínimo de esperança a quem, como eu, não tem nenhuma pelo País.





STF OU CASA DA MÃE JOANA?

Um dos alvos prediletos dos golpistas bolsonaristas foi e é o Supremo Tribunal Federal. A mais alta corte de Justiça do Brasil tornou-se, desde o primeiro mandato de Lula, uma confraria de amigos do rei. A indicação de Dias Toffoli, ex-advogado de José Dirceu e do PT, incapaz de se tornar juiz de primeira instância (foi reprovado duas vezes em concurso), abriu a porteira. 

Em seguida, Dona Marisa Letícia, esposa morta do atual presidente, emplacou um amigo de família, Ricardo Lewandowski - aquele que ao lado de Renan Calheiros rasgou, ao vivo e em cores, para todo o Brasil, a Constituição Federal durante sessão que cassou o mandato de Dilma Rousseff, nossa eterna estoquista de vento, mantendo sua elegibilidade, mais tarde revogada pelos mineiros (a ex-presidente candidatou-se ao Senado e ficou em quarto lugar).

Na sequência, já durante o mandato do maníaco do tratamento precoce, mais dois ministros amigos, André Mendonça, saudado por pulinhos, urros e falas estranhas pela então primeira-dama, Michelle Bolsonaro (e os 90 mil reais em micheques do Queiroz?), pois “terrivelmente evangélico”. E por fim, mas não menos importante, Kássio Nunes, aquele que não surpreende jamais ao votar conforme os anseios da tchurma.





2026 É LOGO ALI

Não se assustem, pois - mesmo após tudo o que ocorreu no Brasil durante os malditos 48 meses de Jair Bolsonaro - se daqui a quatro anos estivermos, novamente, às voltas com “fechamento do STF, artigo 142, SOS FFAA, sinais por celular para ETS, hino nacional para pneus, colônia de férias da terceira idade às portas dos quartéis etc”. 

Evitar a volta disso tudo passaria por um mínimo de decoro e compostura deste sujeito que aí está, outra vez, emporcalhando Brasília - como se a minha cidade natal já não fosse suja o suficiente. Lula é o ovo, a galinha, o Tostines, sei lá o que mais, do bolsonarismo. E este se alimenta do excremento que o petista produz. O resultado nós conhecemos de cor e salteado.