Inicia-se, hoje (22/6), o julgamento de um dos 16 processos a que responde o ex-presidente Jair Bolsonaro, no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), em Brasília - DF. Dizem que “de bumbum de neném e cabeça de juiz pode sair qualquer coisa”, mas, neste caso, dentre “qualquer coisa” não se encontra a absolvição do ex-verdugo do Planalto.
Como bem pontuou o jornalista Josias de Souza, do UOL, “poucos políticos na história deram tanta corda para se enforcar” como fez o mito. Bolsonaro, na ação em tela, não apenas abusou de seu cargo - e poder - ao utilizar equipamento público (Palácio do Planalto) e comunicação oficial (TV Brasil) para maldizer o sistema eleitoral brasileiro e acusar, sem provas, fraude nas eleições, como gastou dinheiro público em benefício político pessoal, e, sinto informar à Bolsolândia, isso é crime.
Muita gente, com razão, indigna-se ao assistir à chamada “justiça seletiva”, já que crimes tão ou mais graves quanto não foram nem sequer apreciados pelo judiciário, e muitos criminosos, hoje, detém cargos públicos, inclusive de altíssima relevância. Porém, sempre é bom e oportuno lembrar, “dois erros não fazem um acerto”. Se há crimes e criminosos impunes - e os há às pencas!! - que se cobre os responsáveis, e não somente emendem, para pior, o já sofrível soneto.
Muito mais do que justiça, em si, e um importante recado para outros potenciais agentes políticos criminosos, o que a parcela verdadeiramente democrática da sociedade espera, é a garantia de que o Brasil não terá, daqui a três anos e meio, um aspirante a ditador de república bananeira, notadamente o patriarca do clã das rachadinhas, disputando, com chances reais de vitória, a eleição presidencial do País outra vez.
Como sou, desde sempre, um ferrenho combatente político contra o Partido dos Trabalhadores (PT), especialmente contra seu chefão, a quem carinhosamente chamo “ex-tudo” (ex-condenado, ex-presidiário, ex-corrupto e ex-lavador de dinheiro), sinto-me extremamente à vontade para defender - e torcer!! - a condenação do devoto da cloroquina e sua consequente inelegibilidade, sem temer ser chamado de petralha ou comunista.
Sim, eu sei, a justiça não deve servir como instrumento de vingança, sob risco de se tornar justiçamento, mas não é disso que se trata, nem muito menos seria eu um seu defensor. A questão, neste caso, é muito simples: o encontro com os embaixadores ocorreu ou não? Foi realizado no Palácio do Planalto ou não? Foi custeado pelos cofres públicos ou não? Foi publicizado pelos órgãos oficiais de comunicação ou não? Ato contínuo, houve influência nas eleições ou não? Como a resposta inquestionável para tudo é “sim”, não me resta nada mais a falar senão: “tchau, querido”.