Jornal Estado de Minas

RICARDO KERTZMAN

Atlético: o vento perdeu. Porque, no final, o bem sempre vence

Eu tenho um grande amigo que, sempre que estou atormentado com algo - o que é bastante frequente, aliás -, me diz: “calma, no final, tudo dá certo, e se não deu ainda, é porque não chegou no final”.





Tornei-me conselheiro do Atlético, em 2022, a convite do atual presidente do Clube, Sérgio Coelho, que me conhece desde os meus 17 ou 18 anos - desculpe-me por entregar nossa idade, Sergião! Diante de tão honroso convite, na verdade um sonho, impus uma única condição: “quero participar, quero ajudar o Galo”.

Desde então, tenho acompanhado de perto a rotina do CAM, e o dia a dia de verdadeiros abnegados, guerreiros que doam - literalmente falando - parte significativa da própria vida (tempo que poderiam estar com a família e amigos), do próprio trabalho e, sim, do próprio dinheiro. E aqueles que são remunerados (executivos do Clube), trabalham com uma garra e afinco fora do comum, muitas vezes, como sabemos,com salários atrasados.

Sei que não há atleticano mais atleticano que outro, mas peço desculpa a todos para abrir uma exceção: eu! O Galo é uma coisa muito séria na minha vida. E, confesso, gostaria que não fosse tanto assim. Mas isso é algo para eu tratar com Deus em uma próxima negociação. Nessa vida, já era. Minha mãe acreditava que, com a idade, eu “melhoraria”. Tadinha, morreu sem ter essa alegria.





PODER PÚBLICO

Essa semana eu vivi fortes emoções com o Atlético. Assisti a três vereadores de Belo Horizonte (Gabriel Azevedo, Bruno Miranda e Cesar Gordin), atleticanos fanáticos, sim, mas cientes de seus papéis de representantes de toda a população, buscando alternativas legais, justas e responsáveis para a abertura gradual - e segura! - da Arena MRV, equipamento, muito mais do que um belo estádio de futebol, de fundamental importância social e econômica para a cidade.

Assisti, igualmente, a um prefeito, o Sr. Fuad Noman, e secretários como Daniel Messias, Leonardo Castro, Josué Valadão e João Antônio Fleury, verdadeiramente empenhados - sempre dentro das normas e legislação vigentes - em corresponder aos pleitos legítimos do Atlético, sabedores da ansiedade de milhões de torcedores apaixonados e da necessidade extrema do Clube, em busca da inauguração (segura) de sua sonhada casa.

Aliás, eu, sempre tão vigilante e crítico do Poder Público, confesso, tive uma aula prática de como tudo é tão difícil na cidade, e não por mera má-vontade, preguiça ou incompetência dos servidores públicos municipais. Ao contrário. Presenciei uma conversa, em altíssimo nível, entre uma promotora de Justiça (Dra. Luciana Ribeiro) e o secretário municipal de política urbana (Antônio Fleury) sobre os moradores de rua que vivem nos arredores do bairro Lagoinha.





Confesso que tive certa vergonha de mim mesmo, uma espécie de sentimento de culpa por criticar tanto, sem compreender as amarras e os limites desse pessoal. Luciana e Fleury me ensinaram, sem perceberem, que eu preciso repensar a imagem que faço de quem, todos os dias, sai de casa em busca do melhor para a população. Estavam ali, diante de mim, duas pessoas justas, honestas, buscando ajudar - na verdade, socorrer - milhares de cidadãos desamparados, enquanto os Ricardos Kertzman da vida ficam apontando o dedo e criticando.

VOLTANDO AO GALO

Na sexta-feira (30/06) à noite, cansado pra chuchu, me dirigi para a reunião do Conselho Deliberativo do Atlético. Além de cansado, angustiado, pois sabedor da situação pré-falimentar do Clube. Na pauta, a SAF. A convocação dizia que o Sr. Rubens Menin iria esclarecer o Conselho sobre o assunto. Na boa, “fodeu”, foi o que pensei. Era para março, depois para maio, fechamos junho e… nada. 

Sou um cara pessimista por natureza. Eduardo Costa, um querido amigo que fiz, fala que só enxergo o copo meio vazio. Sentei-me na cadeira do auditório e comecei a fantasiar o vô falando: “infelizmente, não conseguimos encontrar investidores”. Já havia começado a me enxergar na série B, mas não por três anos, hehe. Daí, como num passe de mágica, comecei a ouvir falar em bilhões de reais, em Atlético sem dívidas, em grandes investidores (e atleticanos, caraio!!), em Marcelo Patrus (caraio ao quadrado!!).





Fui da série B para o nirvana em dois minutos. Sim, ufa, taqueopariu, o Atlético está salvo. Repito: salvo! E para sempre. Ainda que “para sempre” pareça exagero, mas eu explico: o Clube Atlético Mineiro (Associação) estará livre de toda e qualquer dívida. E mais: manterá significativo patrimônio imobiliário (sede de Lourdes, Vila Olímpica e Labareda). Mas não acabou, porra! Terá 25% de participação na SAF. Ou seja, só quebra se, um dia, um irresponsável - e já tivemos ao menos um, que a prefeitura de Belo Horizonte conheceu muito bem - dilapidar os cofres do CAM outra vez.

SAF E INVESTIDORES

A Sociedade Anônima de Futebol (SAF) do Galo terá dois sócios. O Clube Atlético Mineiro, com 25% de participação como já disse acima, e uma “holding” formada por investidores majoritariamente atleticanos e… de BH! Sim, pessoais reais, de carne e osso, dessas que a gente vê na padaria, ou melhor, no Mineirão - desde sempre - e futuramente na Arena MRV, e não “investidores estrangeiros”, que, de vez em quando, na maré alta, dão as caras em Belzonte.

Estamos falando de atleticanos de quatro costados, cujos avós e bisavós eram atleticanos, como atleticanos são e serão os herdeiros que cuidarão dos 75% de participação que terão direito na SAF, após entupirem os cofres atleticanos com centenas de milhões de reais e assumirem um dívida de quase 2 bilhões de reais. A troco do quê? Pois não. Levarão a Arena MRV, a Cidade do Galo e tudo mais relativo ao departamento de futebol, inclusive o Patrick e o Edenilson (olha a corneta aí, geeeente!!).





Na boa, não poderia ser melhor. E se poderia, por favor, apresentem o formato e os bilhões de reais o quanto antes, pois os documentos não foram assinados e ainda dá tempo de mandar um pé na bunda desses tais 4 Rs (que nunca fizeram nada pelo Atlético), Sergio Coelho (que nunca ganhou nada no Atlético), Dr. José Murilo Procópio (que não entende patavinas de Direito), Bruno Muzzi e Pedro Tavares (dois inúteis coça-sacos) e trazer de volta aquela turma investigada em CPI.

ARENA E FIM

Encerro com um sincero agradecimento à atual Prefeitura de Belo Horizonte e à Câmara de Vereadores, que, em conjunto com a Polícia Militar, o Corpo de Bombeiros e a BHTrans, sob o precioso olhar do Ministério Público de Minas Gerais, trabalham, lado a lado com o Galo, para viabilizar, o quanto antes, o início dos jogos de futebol e demais eventos na Arena MRV, com o máximo de conforto e total segurança para todos. 

Ou ainda, nas palavras inspiradoras do Procurador-Geral do MPMG, Dr. Jarbas Soares Júnior: “as melhores soluções, sem ter benefícios, nem obrigações maiores que a lei”.

Tá aí. Eu não disse que o bem sempre vence no final?