A voz desses mercados chega mesmo a prevalecer, com a ajuda generosa da imprensa, que costuma ecoar sem espírito crítico a visão particular do mundo dos investidores nas questões mais importantes.
A consequência tem sido a produção cada vez menor de bens públicos e o aumento da desigualdade e da concentração da riqueza. Isto certamente tem limites.
Em vez de democracia representativa caminhamos para a democracia dos mercados.
Após a rápida recuperação deste ano, já em 2022 vamos retornar a um crescimento em torno de 1,5% que, segundo o mercado, é o limite de nossas possibilidades. Ainda assim a política oficial continua sendo a elevação dos juros e a restrição aos gastos de investimento do governo. Desse jeito vamos eternizar a estagnação e o atraso.
Diz ele que não podemos esquecer que o maior choque desses 20 anos foi justamente a crise bancária de 2008, que não foi criada pelos governos e sim pelo setor financeiro privado. A ironia é que foram os gastos dos governos e dos bancos centrais que vieram em socorro do mercado financeiro para evitar que ele desmoronasse. Mesmo assim o Estado continua sendo o vilão!
O que é preciso é dar atenção ao que dizem os setores reais da economia, a indústria, o comércio, a mineração e a agricultura, se quisermos nos desenvolver.
É verdade que a inflação está alta, mas de modo algum os preços estão pressionados por excesso de demanda. A pressão vem pelo lado da oferta e a alta dos juros não é remédio para o problema que, de qualquer maneira é visivelmente transitório.
Mais uma vez a voz do mercado financeiro foi atendida e já antecipou os aumentos que deseja nos próximos meses. Será novamente atendida.