As eleições que se aproximam estão sendo movidas quase que exclusivamente pelas paixões políticas, não deixando lugar sequer para um mínimo de competição entre ideias ou projetos. Estes parecem não fazer falta para animar as campanhas ou convencer os eleitores. É o verde contra o vermelho e não é preciso mais nada.
As pessoas se reúnem em torno destes símbolos, sem se perguntar muito o seu alcance e o seu significado. Há quem diga, e não sem razão, que muitas vezes ser verde é mais odiar o vermelho do que amar o próprio verde. E vice-versa. No final será uma eleição, como disse alguém, em que a maioria vai votar contra e só uma minoria vai votar a favor.
"Divisões religiosas e culturais têm sido a maldição de alguns povos. A história nos livrou por séculos desta maldição e cabe agora a nós impedir que ela venha se instalar"
A interpretação dos fatos sociais e econômicos está sempre exposta à controvérsias, mas é impossível negar que de 2014 a 2016 o Brasil viveu um verdadeiro desastre, com a maior recessão acumulada de nossa história, com o descontrole da inflação e um grave desarranjo fiscal, tudo isto claramente provocado por erros do governo.
Enquanto as oportunidades passam, o debate político pobre e míope impede nosso país de aproveitá-las. Isto nos lembra com tristeza o vaticínio do velho Roberto Campos: o Brasil não perde a oportunidade de perder uma oportunidade.