Se você procurar pelas matérias de estatística, com cálculos matemáticos precisos, talvez ali encontre o segredo da fórmula ideal para o América permanecer na Série A. É fato que são necessários por volta de 45 pontos. Porém, nesta coluna, meu dever clubista me convoca com mais ímpeto do que meu lado jornalístico científico. Então, darei um panorama de como enxergo o momento psicológico do Coelho em busca de ganhar seu título do ano, que é a permanência na Primeirona.
Antes de olhar para o fundo da tabela, precisamos olhar para cima, que é onde a coisa começa a se complicar. Times como Fortaleza, Atlético-GO e Bragantino, que ouso afirmar não serem maiores que o Deca, praticamente já mostraram que não serão nossos concorrentes de Z-4. E essa é uma péssima avaliação, já que, em condições normais, contaríamos com pelo menos dois deles ali embaixo. Inês é morta.
Vamos dizer, grosso modo, que temos 50% de chance de escapar (melhor enxergar a metade cheia do copo). E se formos analisar a sequência dos últimos campeonatos, quase sempre um grande cai – e esta vaguinha está ali de olho no Grêmio, doidinho para cair.
Primeira missão? Vamos secar o tricolor gaúcho e incomodá-lo no confronto direto. A margem amplia muito se o Grêmio congelar no Z-4 e virar uma segunda Chape. Paralelo a isso, de nada adianta se não fizermos nossa parte, e acho que devemos atuar em duas frentes: a primeira, e ideal, é a de distanciar o mais rápido da Zona, a ponto de pensarmos na Sul-Americana como realidade.
A outra opção, mais indigesta, é nunca nos deixarmos afundar para uma situação de fundo do poço. Estar sempre a uma rodada de sair do Z-4 talvez seja o que precisemos para resolver naquele momento decisivo, quando se separam os meninos dos homens. O que é inconcebível é o América deixar seus adversários se distanciarem.
Precisamos ser uma espécie de boxeador que sabe sofrer enquanto os rounds vão passando, até chegar ao final e vencer por nocaute técnico.
Precisamos ser uma espécie de boxeador que sabe sofrer enquanto os rounds vão passando, até chegar ao final e vencer por nocaute técnico.
Qual é a esperança então e qual seria a melhor estratégia? Na minha visão, precisamos garantir o máximo de confrontos viáveis, como os jogos em casa, de "seis pontos", contra esses times citados. Depois, se fechar mais na casa de adversários grandes para não ser a presa fácil que fomos no primeiro turno, quando parecíamos garantir os três pontos ao mandante.
O que não pode acontecer, definitivamente, é a repetição de resultados como empatar com Juventude e Cuiabá na nossa casa e perder do Sport no Horto.
Esse rendimento, em jogos de peso semelhantes, é o ponto de virada que deve ser corrigido para quem não quer voltar para a B. Depois, é fazer o feijão com arroz e suportar momentos de instabilidade sem deixar a peteca cair.
O que me anima mais neste momento é saber que, finalmente, temos jogadores como Zárate e Berrío, com experiência e cara de Libertadores, para fazer de cada jogo uma guerra.
Mesmo que não estejam na forma física perfeita, trazem um selo que faltava ao Coelho, aquela chancela de ser, e pensar, grande.
Em uma conta otimista, falando agora de números, vamos considerar um empate contra o São Paulo, no jogo adiado, e convencionar que ficamos com 19 pontos no primeiro turno.
Isso significa que, no segundo, precisaremos de 26 em 57 pontos, o que dá menos de 50% de aproveitamento. Não é nenhum bicho de sete cabeças, mas a arrancada deve passar por uma vitória contra o Athletico no nosso Indepa no sábado.
O ringue está montado. Fuerza, América!