Jornal Estado de Minas

DA ARQUIBANCADA

Um América turbinado vai para o jogo do ano contra o Atlético



Dizem que os deuses do futebol têm sua própria e caótica forma de fazer justiça por meios tortos – mais cedo ou mais tarde. Sabe aquela velha máxima de que pênalti roubado não entra? É mais ou menos parecido com “o que começa errado termina errado”.





Foi assim com a saída repentina e pouco profissional do nosso ex-técnico, um ex que nunca mais vai voltar. Subiram à cabeça os valores astronômicos e a possibilidade de treinar um “grande”. E agora eu pergunto: qual grande? Gigante mesmo foi o Coelho, que poderia ter sofrido em vários aspectos o abandono de um projeto e se desestabilizado por completo, como ocorreu outras vezes.

Imenso mesmo, e maior que qualquer interesse pessoal de qualquer um, foi o nosso Deca, que soube dar a volta por cima com os bastidores turbulentos. Sinal claro de que a instituição, os profissionais e a marca do América são bem maiores que pessoas que chegam para sugar e, como num passe de mágica, se retiram silenciosamente – e pela porta dos fundos.

Se minha intenção é refletir, muitas vezes de forma fiel e clubista, a sensação da arquibancada – seja no estádio ou no palco das redes sociais –, não vou esconder aqui que o torcedor do América está feliz demais com este final de semana, com uma sensação dupla: o Coelhão cravou a segunda vitória (100%) de aproveitamento com o treinador Marquinhos Santos e viu o Grêmio protagonizar roteiro clássico de time que deve cair para a Série B.





Derrota em casa, confusão e provável perda de mando de campo. E a gente ainda vai se encontrar com eles no Horto. Que venham com Mancini e tudo! Enquanto isso, que se ferrem para lá. Na quarta-feira, a propósito, enfrentam o Atlético – antes da gente. Por mais que sejamos rivais, vou ser franco e dizer o que o torcedor quer ouvir: não que iremos torcer para o rival, mas ficaremos felizes, sim, se o Grêmio perder mais uma.

A verdade é que teremos, agora, nosso maior algoz pela frente. Eu gostaria mesmo de incentivar e fazer o que for possível em palavras para dizer aos jogadores que precisamos, mais do que nunca, quebrar o tabu contra o Atlético. Não é possível que consigamos enfrentar todos os timaços do Brasil e, se bobear, até do mundo, e alguma coisa que não sei o que é segue impedindo de ganhar este clássico. Mas tabu serve para ser quebrado. Sai, zica!

Não sei se vai adiantar falar, mas, se pudesse, diria aos jogadores que são 11 contra 11 e que os alvinegros não são imbatíveis. A esperança, no entanto, é que agora temos o VAR, e vai ficar difícil que eles ganhem na mão grande, como historicamente sempre fizeram, principalmente em campeonatos regionais, com o lobby da arbitragem, da mídia e da Federação Mineira. Desta vez, se jogarmos bem, é possível encarar e até ganhar no Mineirão. Temos elenco para isso. Aliás, temos, principalmente, Ademir. O craque já está virando aquele tipo de jogador decisivo que, se estiver em um bom dia, dificilmente o time deixa de ganhar o jogo.

É preciso que nosso Fumacinha mostre o cartão de visitas à torcida que, em breve (que pena, vai doer), será aquela que comemorará suas arrancadas e gols. Como fará falta. Tomara que volte um dia. Mas, no domingo, Ademir mais uma vez tem oportunidade de fazer história. Mineirão lotado e ele precisa jogar bola, não há outra opção. Depois, ano que vem, ele compensa para o Galo (ou não... rs). Mas, agora, não!

Saudações americanas. A maior glória ainda está por vir.


audima