Quando tiraram na mão grande, de forma escandalosa, o tri da Série B do América no ano passado, respirei e confortei outros torcedores indignados: “Calma, somos mais clube, mais time que eles, já temos título da B e, agora, não ser campeão talvez seja um sinal para largarmos de vez o osso da Segundona”. Deu certo.
Embora tenha sido prejudicado pela arbitragem (não existia VAR ainda na Série B) em diversos jogos, o destino quis que o América não fosse campeão, mas que subisse para ficar. E foi justamente assim. Entregaram aquele título para a Chape, e por muito. Fizeram de tudo. Nos tiraram pontos contra o Cruzeiro e contra o próprio time de Chapecó, quando viramos o jogo para cima deles, no Indepa, mas tivemos um gol legal anulado. Má fé mesmo, a gente sabe.
Não bastasse, fizemos o dever de casa e sairíamos campeões até que, no fim do jogo da última rodada, quase aos 49 do segundo tempo, inventaram um pênalti para a Chape no jogo deles. Parece mesmo que havia uma conspiração para que ganhassem. E tudo bem, talvez tenha sido uma forma de compensar o que a cidade e aquele time já passaram, embora eu acredite que eles não precisassem disso.
Bom, mas como a verdade sempre vem. O América seguiu seu rumo e fez (faz) uma Série A com cara de time grande, enquanto a Chape mostrou que ainda tem muito chão para que sua tradição chegue aos pés do Decacampeão, o gigante alviverde negro das alterosas.
E, agora, passada toda essa turbulência e esforço que fizemos, chegou a hora de fazer justiça, na bola, claro. É momento, mais do que nunca, de o torcedor esquecer tudo que já passou, se orgulhar de onde o time chegou e fazer a sua parte para que o América vença. Não precisamos pensar no antes e nem no depois. Precisamos de um estádio cheio e um belo jogo, hoje.
Uma vitória e “pimba!”. Já estaremos ali beirando a oitava posição, com possibilidade de engrossar contra o Ceará fora de casa e pegar o São Paulo no último jogo, com casa cheia e alegre, para, quem sabe, galgar uma posição em um possível G-8 na Libertadores. Que emoção!
Se não der, que venha a Sul-Americana, torneio que receberemos de braços abertos. E olha que de primeiras participações entendemos! Quem não se lembra do feito da Sul Minas, em 2000, um título inesquecível, quando despachamos Inter, Atlético Paranaense e vencemos o Cruzeiro na final com um baile? Saudades de Palhinha, Pintado, Zé Afonso, Milagres... Todo o respeito.
Torcedor, faço um apelo! Não é hora mais de cornetar, mas sim apenas de gozar do melhor que o futebol nos oferece: a possibilidade de ver nosso time de perto, no nosso campo e com a união de nossa torcida, que é uma verdadeira família. Tem coisa melhor? Ok, aquele tropeiro pré-jogo é melhor (risos). Só sei que hoje é dia de deixar todas as críticas, angústias e até opiniões de lado e pegar o caminho da Rua Pitangui. Não importa se você chega pela Silviano Brandão, Cristiano Machado, Via Expressa. Venha do Gutierrez, Floresta, Santa Teresa, do Sion, de Contagem. Saia da Savassi ou do São Bento. Deixe seu sítio em Lagoa Santa. Mas venha! Esse time já fez história, é hora da nossa torcida também fazer. Todos juntos, vamos América!