Jornal Estado de Minas

DA ARQUIBANCADA

Que a boa rivalidade volte entre América e o Cruzeiro



Quando o Cruzeiro figurou por muitos anos nas últimas duas décadas como um dos gigantes do futebol brasileiro, o América estava se reconstruindo e dando passos curtos até chegar ao que é hoje. E isso não ocorreu do dia para a noite.





Aliás a situação já foi tão diferente para o Coelho que chegamos até mesmo na Terceira Divisão do futebol nacional e na Segundona do próprio Mineiro. Enquanto isso, o Cruzeiro colecionava títulos e sua torcida e projeção no cenário internacional não paravam de aumentar.
 
 
 
Os anos sombrios – que começaram por volta de 2007 e duraram até 2016, com um título de Mineiro – para o torcedor americano foram difíceis. As derrotas em clássicos contra o Cruzeiro eram frequentes e quase sempre não encarávamos de igual para igual. A autoestima local estava péssima.

Hoje, a situação é bastante diferente. Temos um América reerguido e pronto para figurar entre os grandes do Brasil, com estrutura e projeto redondo e duas ótimas temporadas passadas. Do outro lado, o Cruzeiro, que, mesmo com toda a tradição, amargou campanhas vexatórias na Série B e não assusta tanto mais. Mas, que comece a assustar de novo.





Digo isso, pois uma das maiores graças do futebol é você assistir aos jogos contra seus rivais. É um brilho peculiar. Mesmo que não sejam jogos decisivos, os ingredientes são vários. Além das histórias, rivalidades e a própria tensão do jogo que mexe com os jogadores e a mídia, há também aquela brincadeira saudável com seus amigos que torcem para o outro time. A zoeira faz parte!

Lembro-me de grandes clássicos entre América e Cruzeiro, principalmente na década de 1990. Os jogos no Mineirão tinham um sabor especial, e o América sempre incomodava. O estádio ficava em boa parte azul, mas nosso verde era sempre marcante. Não me esqueço de um, em 1993, quando o Cruzeiro era um dos melhores times do Brasil, e vinha de títulos internacionais, e o Coelho venceu por 3 a 1 no Gigante da Pampulha.

Eu estava lá, era criança, e foi uma das grandes emoções que me formaram como torcedor. Aliás, Renato Gaúcho, que estava no auge, fez sinal de silêncio para a nossa torcida (que naquela época era bastante barulhenta e presente em clássicos), mas depois o América ganhou o jogo com propriedade. Nesse ano, fomos campeões. Bons tempos daquele Mineirão antigo. Não voltarão.

O que pode voltar, e deve, é a rivalidade em campo e fora dele entre essas duas marcas do futebol mineiro. Durante um tempo, ouvíamos que o América sempre engrossava contra o Cruzeiro e entregava para o Atlético. Isso se perdeu com os anos, mas, recentemente, com a subida de patamar do Deca, parece que resgatamos essa máxima. Até mesmo o Galo passamos a enfrentar de novo.

Do jogo de quarta, é bem possível que a torcida cruzeirense lote o Mineirão, pois, felizmente, hoje, somos mais do que um adversário a ser batido, somos até mesmo temidos. Então, que vença o melhor, que seja um grande espetáculo, dentro e fora de campo. Que a época de ouro do mais charmoso clássico de BH retorne. Verde e azul sempre coloriram de emoção os campos das Alterosas. Que assim seja – mais uma vez e mais tantas outras.




audima