Se esse título te pareceu um caça-clique, você acertou. Mas essa não é uma estratégia tão ruim. Primeiro, que você já começou a ler e, pelo sim ou pelo não, talvez até fique. Segundo, que até mesmo a torcida rival deve ter ficado curiosa. Joguei sujo? Não. Apenas usei um gatilho. Vamos precisar.
E o que isso tem a ver com o jogo de hoje? Bom, o ponto é que, se quisermos surpreender ou causar qualquer zebra hoje (sim, ganhar deles com Mineirão lotado é zebra) precisamos fazer algo diferente – totalmente fora da curva e do previsível. Definitivamente, não é possível enfrentar esse time alvinegro fazendo o normal.
Até mesmo que seu time jogue um futebol regular e combativo, a história recente prova – e o primeiro passo é admitir isso – que o time atleticano é praticamente invencível, não só pelo plantel, mas pela organização tática, agressividade e por causa de Hulk, o melhor jogador brasileiro em atividade.
Os torcedores mais conservadores devem estar se perguntando aqui por que estou rasgando elogios ao rival. Calma que eu respondo. O primeiro objetivo disso é tirar o foco e jogar a responsabilidade para cima de quem tem a obrigação – é como uma tática usada em guerrilhas. Primeiro, a distração.
O único jeito de enfrentar nosso algoz hoje, na maior competição continental, é entender que não podemos jogar de igual para igual. Uma marcação alta no começo, um time fechado e cascudo, catimbento e faltoso. Reclamem com o juiz, cutuquem o adversário, façam um jogo de nervos. Travem a partida! Temos que ser chatos e usar todas as armas disponíveis, dentro do fair play, claro.
É preciso embolar o meio e provocar situações de perigo na frente sem descuidar (um minuto!) da retaguarda. Temos de assumir nossa falta de competência e apostar em um jogo truncado e enjoado. Somos inferiores, mas o futebol não garante vitória para o melhor.
Deixar o tempo passar e entender que, por outro lado, se não incomodarmos lá na frente, em algum momento a bola deles vai entrar: está sendo natural com aquele ataque de luxo que tem nosso maior jogador da temporada como uma das opções no banco – salve, Fumaça, tenha piedade.
No jogo desta noite, precisamos admitir nossas limitações e jogar cientes delas. Talvez, não querer demais, e pensar que o empate é uma vitória, pode ser uma meta mais plausível e dentro da realidade.
O América que entra em campo hoje vai precisar se lembrar daqueles times que já enfrentaram o Atlético no Mineirão lotado e não só empataram, como venceram. Isso já ocorreu. Alô, diretoria e marketing, mostrem vídeos aos atletas e deixem claro que a história não deixa mentir. Já ocorreu!
A receita para fazer algo de diferente hoje é simples: se fizermos o normal, o de sempre, a derrota será natural. Se jogarmos com estratégia e soubermos nos apequenar na hora certa e nos agigantar quando o jogo permitir, quem sabe uma dose de sorte e uma fatalidade possam nos gerar um golzinho para, depois, fechar eternamente a casinha.
A situação do Coelho na Libertadores ficou crítica e, se ao menos evitarmos uma derrota, a chave pode virar. Temos ainda condições de respirar na competição, mas os jogadores precisam entender que este deve ser um dos testes mais difíceis para qualquer time do mundo, mas, como sempre disseram nossas mães, nós não somos todo mundo. Proezas existem.
A semana é santa, a Páscoa está aí, e precisamos tirar um coelho da cartola (ou vários!). Sem mágica, sem um gatilho diferente ou sem chamar a atenção, o resultado da guerra é previsível. Mas o jogo ainda não acabou – aliás, só acaba quando termina. E, no futebol, nem sempre dá a lógica. Acredita, América!