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Estado de Minas DA ARQUIBANCADA

O dia em que América encarou o Milan e nossa sina por jogos grandes

"Há algum tipo de mística na nossa camisa que a faz pesar conforme o tamanho do adversário"


27/10/2022 04:00 - atualizado 26/10/2022 21:03

Jogo do América pela Copa Centenário em 1997
América e o poderoso Milan, da Itália, empataram por 1 a 1, no Independência, pela Copa Centenário de 1997. Ex-melhor do mundo, o liberiano George Weah abriu o placar e Celso empatou com um gol de chapa, no ângulo (foto: Jorge Gontijo/EM)


Desde criança, a gente que é americano enfrenta um grande dilema para entender este nosso saudoso time do coração. Eu poderia bolar mil teorias aqui, mas talvez elas não sejam capazes de explicar quanto o América é peculiar. Não existe nada parecido, mesmo.

Quando estamos entre os nossos, o que mais escutamos é que “algumas coisas só acontecem com o América”. Tentei desconstruir esse estigma e imaginar que todo torcedor, de qualquer time, deve pensar assim. Mas, de fato, só o Coelho é capaz de nos proporcionar algumas bizarrices.

Já vi tanta coisa que você que nem iria acreditar. Éramos a pedra no sapato do Cruzeiro, na década de 90, quando eles eram os maiores do Brasil. Ganhamos, inclusive, uma Sul-Minas (2000) em cima deles. E nada disso impediu que fizéssemos jogos horríveis contra times pequenos no Mineiro. Derrotas inacreditáveis, apagões que nunca consegui explicar.

Relembro, sobre jogos gigantes, do empate que arrancamos do todo poderoso Milan, quando o futebol italiano ainda estava no auge. Foi na Copa Centenário (e eu estava no campo com meu pai) que vi Celso empatar o jogo em um gol de chapa no ângulo depois de começarmos perdendo com um gol relâmpago do recém melhor do mundo, George Weah.

Era 1997 e tínhamos no nosso plantel jogadores como Boiadeiro, Pintado, Irênio e Tupãzinho. Uma tarde no final de semana e um público discreto de 4 mil torcedores. Mas fomos grandes. Naquele ano, este time seria ainda campeão da Série B – não era uma equipe qualquer.

A distância entre as duas equipes era maior que o Oceano Atlântico que as separava. Mesmo assim, nós fizemos bonito. Há algum tipo de mística na camisa do América que a faz pesar conforme o adversário, como se fosse uma adequação natural ao tamanho do problema.

Mas o problema real é que, pensando por outro lado, isso também acontece quando jogamos contra times menores. Simplesmente nivelamos à mediocridade de qualquer adversário e esta sina precisa acabar.

O que explica um time ganhar do organizado e tradicional Fluminense no Maracanã, por 2 a 0, e perder do mediano Fortaleza, em casa? Recentemente, encaramos e ganhamos do Galo, chegamos a virar um jogo contra o Palmeiras, melhor time das Américas no ano passado.

Mas é certo que, se enfrentarmos qualquer time do interior de Minas Gerais, ninguém crava uma vitória maiúscula ou garantida. Foi assim neste último campeonato regional. O América parece ainda precisar trabalhar sua auto-estima, entender que sua grandeza não pode ser medida pelo tamanho do adversário.

Apesar das dificuldades, seguimos firmes no campeonato, com foco na Sul-Americana ou, quem sabe, na Libertadores. Que a torcida siga fazendo sua parte. Nós gostamos é de grandes feitos. Nós somos a resistência. Nós somos América.


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