À medida em que os tempos mudam e as transformações se tornam ainda mais difíceis de serem identificadas com antecedência, através das diversas metodologias, as empresas ficam com dificuldades de se adaptarem e perdem muito de suas forças de combate e integração com o mercado, seus segmentos e até mesmo os seus objetivos estratégicos.
Nas minhas conversas com os gestores, nas observações que faço nas empresas varejistas, e até com as pessoas que têm procurado se sustentar com iniciativas momentâneas de atividades, para sobrevivência, pude perceber que esses meses de paralisia das atividades, atingiu profundamente não somente a economia do país, ou os negócios das empresas, mas, também, e até mais fortemente, a mente das pessoas.
Muitas lições devem ser tiradas desse período cinzento. Uma delas é que as empresas devem sempre se manter com um grau maior de liquidez, para suportar situações inesperadas, como ocorreu e ainda ocorre.
Outra aprendizagem que não deve ser desprezada é a prática ainda mais potente das ferramentas do marketing e do planejamento estratégico empresarial, que muitas organizações mal conhecem, ou quando conhecem, não dão a devida atenção e muito menos fazem o devido investimento de verbas e de tempo para elaboração e acompanhamento.
A sobrevivência e crescimento das empresas estão a cada momento dependendo bem mais do que apenas ter clientes momentâneos e atingir metas de curto prazo. O sucesso das organizações não pode ser medido pelo aqui e agora. É questão fundamental pensar além do horizonte, desenvolver perspectivas de longo prazo e começar ainda hoje a definir o sucesso da empresa no futuro, como prioridade essencial a ser atingido.
Há o cometimento de erros crassos no marketing das empresas. Grande parte delas não tem um plano de marketing, que deve ser de pelo menos cinco anos. As metodologias e técnicas de planejamento são desconhecidas ou não recebem a devida atenção. Planejar ainda é visto como algo secundário, teórico, ou longe da realidade para muitos gestores e empreendedores.
É muito confortável ver as vendas acontecendo, o fluxo de caixa muito positivo, fruto do movimento de clientes, seja em lojas presenciais ou em sites de vendas, mas, esta visão, embriagante, é provavelmente o limitador da visão, e leva à famosa e crônica miopia em marketing, que é enxergar o próprio negócio de forma curta, ensimesmada, e que tem até hoje, levado empresas a situações de insucesso.
Durante os tempos de tranquilidade as organizações, devem, além de atrair clientes novos, dar total atenção aos clientes antigos, aos fiéis e aos defensores. Estes não poderiam nunca serem esquecidos, mas, normalmente são abandonados e esquecidos nos bancos de dados. É preciso reconhecer que estes clientes são os que sempre apoiam as organizações em tempos difíceis.
A marca da empresa deve ser reforçada o tempo todo na mente das pessoas. O esforço de marketing que se deve fazer é para que a empresa esteja em primeiro lugar na lembrança e na preferência dos consumidores. Mas, basta os resultados melhorarem para que muitas organizações cortem a verba de propaganda, de vendas e passem a investir menos em seus pontos de vendas presenciais ou digitais, sem contar com o abandono das atividades de treinamento e capacitação do pessoal de linha de frente.
É importante frisar que a limitação das empresas está no mesmo nível da limitação de seus gestores. Fatores externos estarão sempre a bater nas portas das empesas, e por isto elas precisam estar preparadas para tomarem atitudes assertivas e muitas vezes duras, mas, seguras para manterem a sua proposta de longo prazo.