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Fazer um joinha por dia

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A professora de ioga faz um convite às alunas, que soa como provocação em tempos de retomada da pandemia no país. Todos os dias, cada uma delas deve tirar uma foto de si mesma fazendo um joinha e, em seguida, enviar para o celular da mestra. Isso mesmo. Deve dar um like nela própria, e não apenas nos posts das redes sociais. Curtir-se.





O gesto de estender o dedão para cima, com o punho fechado, costuma ser automático, repetido milhares de vezes na internet. Para os mais espiritualizados, porém, guarda um segredo. Trata-se de um mudra, que ajuda a pessoa a se conectar com os entes superiores.

Os mudras – assim como seus irmãos, os mantras, que simbolizam sons universais – são gestos que permitem sintonizar com frequências específicas de energia do Universo. É por isso que, ao entrar em posição de meditação, os iogues unem as pontas do polegar e do indicador acima dos joelhos, fechando o canal de energia vital.

Fazer o joinha seria uma tarefa fácil para a aluna, estudiosa dos conhecimentos sagrados. Bastaria ela se posicionar diante da câmera do celular, mantendo o punho fechado e o polegar estendido para cima. Até aí tudo bem. Como a maioria das pessoas, ela acredita que sabe desenhar um like com as mãos. Só não contava com a dificuldade de transmitir verdade na mensagem positiva que estava tentando passar.





Já tentou fazer isso? Experimente posar para o espelho com o polegar para cima, mostrando que está tudo bem, tudo joia, beleza pura. “Tá de boa” é a gíria mais usada nesses casos, atualmente. Você ajeita a posição, ajusta a luz, tenta mudar o foco da imagem. Que coisa! De todos os ângulos possíveis, você se sente ridícula. Sorriso amarelo, bochechas vermelhas, olhos semicerrados. Quase um emoji de carinha feliz.

Vamos tentar de novo. A professora não irá se importar se o sorriso não sair natural. Foi ela mesma quem ensinou a fazer a terapia do riso, o melhor substituto da tarja preta contra a depressão. Para conseguir se levantar da cama e elevar as energias, você precisará rir entre cinco e 10 minutos diários, contados no relógio. Se a situação estiver tensa, repita a prática duas a três vezes no dia. “Sempre rir, sempre rir, pra viver é melhor sempre rir”, era o bordão do palhaço Bozo.

Sem preconceito, capriche nas falsas gargalhadas (há bons indutores de risos no YouTube), capazes de enganar o cérebro, informando que você está alegre. O resultado é que você ficará artificialmente alegre, sem depender das pílulas da felicidade. Com o tempo, você vai se acostumar a manter um estado de alegria, lidando de maneira mais leve com as tragédias cotidianas e também planetárias.





A terapia do riso poderá ajudar você a tirar sua selfie positiva. OK, vamos testar mais uma vez. Faça o joinha e esqueça o resto. Deixe fluir. Pare de se preocupar em sair com a carinha bonita na foto. Pare de se cobrar tanto. Não está em jogo tirar nota 10 ou ser reprovada no teste de felicidade.

Já viu alguém tomar bomba em joinha? Se a professora de ioga pediu para você fazer esse trabalho é porque quer sentir como você está de fato, quer te tirar do sério e lembrar que você não precisa ter medo de ser feliz. Afinal de contas, manter a energia interna em alta é, até agora, a única vacina disponível contra o coronavírus para menores de 70 anos no Brasil.

Feito, redigiu embaixo da foto, antes de enviá-la à professora. O desafio é fazer o mesmo amanhã, depois de amanhã, depois de depois de amanhã. Lembrar de enviar o like da vida real, de se sentir positiva e de sorrir. Ela tem certeza de que, de longe, a mestra estará devolvendo o joinha. E cantando o mantra: “Estava tudo bem, está tudo bem e ficará cada vez melhor”.

Agora, o desafio é com você. A partir de hoje, você passa a ter um compromisso com a leveza. Precisará enviar uma foto sua fazendo um sinal de joinha para o e-mail da coluna Mais Leve. Isso mesmo. Terá de dar um like em você mesmo, todos os dias, até o fim da pandemia. Que tal?

Saiba mais sobre xamanismo no canal Chá Com Leveza (https://youtu.be/-Rr0i8i8_KM)
* Sandra Kiefer assina esta coluna quinzenalmente




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