Jornal Estado de Minas

MAIS LEVE

A pombinha

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Ultimamente, tenho me sentido como se estivesse dentro do filme “Os pássaros”, do cineasta britânico Hitchcock. Ou, pelo menos, o equivalente a 1% do que acontecia no enredo dessa história, de suspense absoluto, quase terror.  
 
Ainda bem, pois as cenas do filme são apavorantes, mostrando uma cidade totalmente dominada pelos pássaros. Dá medo, mesmo.




 
No meu caso, ocorreu algo insólito, estranhíssimo. Eu voltava de deixar meu filho na escola, ainda antes das sete horas da manhã. O céu estava claro, com alguns raios de sol, mas não o suficiente para esquentar.
 
Eu estava sentindo um pouco de frio, mas meu filhote se recusou a colocar o agasalho. Por que os filhos nunca sentem frio?
 
Eu havia amanhecido bem disposta, pronta para começar um lindo dia. Como de costume, já tinha feito os três minutos da terapia do riso, aproveitando a privacidade proporcionada pelo veículo, de vidros fechados. Estendi até cinco minutos.
 
Seguia sem nenhuma pressa, colocando em prática as recomendações dadas aqui na coluna. A vida é muito curta para correr, sem ver o tempo passar.
 
Dirigia em ritmo lento, sem pressa, tentando pensar em um tema para escrever a crônica da “Mais Leve”. Foi a minha sorte, ou melhor, a sorte da pomba maluca. Explico já.




 
Como eu ia dizendo, trafegava em ritmo lento, sem pressa de chegar. O trânsito estava fluindo, pois eu dirigia no sentido oposto ao do fluxo de ida para o trabalho, no Centro.
 
Quando passava por uma rua deserta, sem nenhum outro carro na pista, aconteceu o inesperado.

De repente, desceu dos céus uma pomba vinda do nada, em alta velocidade. Deu um rasante e  aterrissou no meio da rua , exatamente em frente ao meu carro. Juro. Parecia cena de filme.
 
Não dava tempo de desviar do estranho pássaro. Fui obrigada a parar bruscamente, sob pena, pena mesmo, literalmente, de atropelar aquela mensageira dos céus.
 
Não entendi do que se tratava. Seria uma pomba suicida? Desgovernada? Distraída, feito eu mesma?

Nunca vou saber o propósito desse acontecimento, talvez nem haja um. Felizmente, não era uma pombinha branca, pois eu ficaria mais impressionada, passando por cima de uma mensageira da paz.
 
Carregaria o peso de não contribuir para acabar com a guerra contra a Ucrânia, por exemplo. E ainda me tornaria uma assassina involuntária, numa manhã tão bonita e despretensiosa.
 
Vai ver não era nada disso. A pombinha veio para mim trazendo no bico o tema da crônica. Rápida como veio, ela voou para o alto. Livre e leve. Nem deu tempo de agradecer.