Jornal Estado de Minas

SHE'S THE BOSS

Diversidade e pluralidade impactam nos resultados financeiros das empresas



No Dia Internacional da Mulher, comemorado em Março, nós palestrantes, head trainers e mentoras do She's The Boss somos contratadas para levar conteúdos para as colaboradoras das empresas em ações pontuais e oferecemos palestras e workshops com temas relacionados à sororidade, autoestima, liderança feminina e ao bem-estar da mulher.



Nós também abordamos alguns temas sensíveis e nos posicionamos a favor da equidade de gênero nas organizações, desde que nosso propósito se tornou mais importante que o negócio e nossas ações começaram a sair da internet para dentro das empresas e para o voluntariado

É fato que para transformar uma realidade difícil, muito precisa ser feito e ter pessoas engajadas nas ações faz toda diferença, dentro das empresas geralmente são ativistas que atuam sem apoio das lideranças.

Nessa perspectiva, entendemos que as empresas realmente realizam essas ações, porém elas nunca são medidas e pautadas em metas. Ações são importantes e geram impacto momentâneo, alinha o discurso à causa, fica simpático na mídia e no marketing de responsabilidade social da empresa.



Mas será que somente ações isoladas causam o impacto necessário e trazem resultados reais para o negócio e para a sociedade? Essas ações são realmente inclusivas?

Existem alguns bons exemplos de empresas que já realizam e medem essas ações no Brasil e no Mundo e, algumas vozes representativas que chamam atenção para a importância de ser uma empresa diversa e inclusiva como é o caso da Magazine Luiza, que recentemente implantou um programa trainee para negros.

Acredito que motivo ou premissa para qualquer negócio crescer e tornar-se lucrativo e sustentável a longo prazo passa por conhecer profundamente o seu público e sempre inovar

Sob a ótica comercial, sim, é fundamental que a empresa conheça o público consumidor e o seu mercado de atuação. E esse mercado é bastante heterogêneo. Formado por pessoas de diferentes crenças, ideologias políticas, etnia, hábitos culturais e regionais etc. Ou seja, as pessoas que vivem em uma sociedade têm histórias de vida diversas, ambientes familiares e sociais diferentes, cultura e hábitos culturais distintos. A sociedade é plural. 



Uma vez que esse pluralismo se faz presente em uma organização, ela se torna de fato uma empresa inovadora. 

Em datas comemorativas como mês da mulher e do orgulho LGBTQ%2b, vemos pipocar nas redes sociais empresas levantando bandeiras da equidade e diversidade de modo raso e insubstancial. Se essas ações fossem tratadas com relevância e investimento em programas sérios, a empresa seria capaz de se desenvolver de maneira inovadora. Inovadora porque inovação é um conjunto de ideias criativas que surgem de mentes pensantes tentando encontrar soluções que resolvam problemas e que façam sentido para a sociedade. 

Por isso é fato que, quanto mais pessoas com repertórios diferentes de vida estiverem juntas trabalhando no desenvolvimento do negócio, mais inovadora essas soluções serão e consequentemente mais resultado financeiro essa empresa terá.





E é esse olhar para o futuro que a diferencia do lugar comum. É preciso romper a cultura do patriarcado, em que ainda nos deparamos com diferenças salariais entre os gêneros, onde as mulheres não chegam aos cargos de liderança porque homens geralmente já estão em cargos de liderança e preferem eleger seus iguais para uma promoção, e onde maternidade e carreira ainda é vista com preconceito para a maioria dos empregadores, que temem que a mãe de carreira “não dê conta” de conciliar toda a carga que lhe é imposta pela cultura do patriarcado, onde ela se torna a única responsável pelo cuidado com a casa e os filhos.

Está na hora de essa mudança acontecer, mas ela precisa ser real, com metas e resultados. E não é apenas o caso de abrir vagas operacionais e contratar mais negros e mulheres, é necessário que a diversidade alcance os cargos mais altos de lideranças nas empresas, essa mudança deve começar a partir do recrutamento e seleção de líderes.

Promover a escuta ativa e inteligente na empresa, permitir mais participação de mentes diversas nas decisões estratégicas, incluir e dar oportunidades para quem tem uma história diferente da maioria, faz muita diferença dentro das organizações.





Algumas das empresas que atendemos possuem ações superficiais e tudo que é proposto em prol da diversidade geralmente é voluntário e projetado por funcionários do RH e sem qualquer incentivo financeiro. Este, quando há, é o primeiro a ser cortado diante de uma crise financeira ou queda de faturamento. Os gestores precisam dar importância a essas ações que deveriam acontecer de cima para baixo, mas nem sempre, ou melhor, quase nunca é assim.

Uma empresa que promove e pratica legitimamente a cultura da diversidade e que tem a pluralidade como fator inovador, terá muito mais chances de se perpetuar e prosperar na nova economia. A sociedade está mudando, o cliente está mais atento ao propósito das marcas e ao impacto que promovem na sociedade.

Com esse olhar, qualquer pessoa ou negócio precisa contribuir genuinamente para que a transformação aconteça no viés da inclusão, da sustentabilidade e da diversidade. A transformação só  acontece a partir da informação, que incentiva a conscientização e que por fim, se concretiza em ação. O resultado disso, veremos no futuro.