Lembro-me de sair para uma reunião de trabalho com 38 semanas de gravidez, com um barrigão enorme e uma cesariana marcada para o dia seguinte na agenda. Então, no carro, a ficha caiu e pensei: nossa, amanhã terei um bebê para cuidar, o que vou fazer com tudo que ainda pretendo entregar esse mês? E o pior, como vou cuidar de um bebê?
Como a maioria das mulheres, não me preparei para ser mãe, o trabalho sempre foi intenso e prioridade. Apenas pensei: o instinto materno dirá, fique tranquila! E assim foi. E nunca senti culpa materna por trabalhar demais ou ouvir críticas por parte das pessoas mais próximas.
Voltei logo ao trabalho, home office sempre esteve presente na minha vida e conciliar as mamadas com as entregas foi super de boa pra mim… bem, emagreci horrores porque esquecia de comer, mas, nas próximas “barrigadas”, tudo fluiu.
Meus filhos cresceram dividindo meu colo, sempre com um computador ou celular, no meio das oscilações do exercício de empreender, projetos pivotando, projetos triunfando, tensões com equipe e, às vezes, viagens em comemoração por algum objetivo atingido e uma grana que bombou naquele mês. Sigo compartilhando com eles e a comunicação não violenta, a parentalidade positiva, sempre foram a minha opção. Meus filhos são crianças felizes e protagonistas.
Tiveram tantas babás e de várias nacionalidades, viajávamos muito e nosso tempo de casal também era prioridade, as crianças não eram superprotegidas, viajaram com o pai por um mês inteiro quando tinham apenas 4 e 5 anos, e fiquei trabalhando num projeto importante que, depois, nos rendeu 5 anos de tranquilidade financeira.
E assim tem sido. O segredo para manter a ordem de tudo confesso que ainda não descobri. Só faço priorizar tempo de qualidade com eles porque uma das coisas mais legais de empreender é a liberdade! A liberdade de organizar seu tempo e doar o máximo que conseguir para seus filhos…
Tomar o café da manhã com eles é uma prioridade e sempre foi para mim…
Conversar com as crianças sobre o trabalho é um exercício diário, até que eles começam a entender o que você faz e a contar o número de seguidores do seu Instagram, como se fosse uma prova de sucesso. A culpa nunca foi uma opção, me conhecer e saber que meu propósito envolve proporcionar uma vida melhor para nossa família me exime de qualquer sentimento de culpa. Mães felizes, filhos felizes e o trabalho é o que me move.
A culpa não deveria assombrar nenhuma mãe, sempre seremos a melhor mãe que nossos filhos poderão ter. A mãe empreendedora vive no caos organizado do seu amor e dedicação tanto para o trabalho quanto para a família. E isso é motivador e desafiador ao mesmo tempo.
Meus três filhos ainda são pequenos, Enzo tem 12 anos, Luca 10 e a pequena Nina fez 6. São minhas melhores versões, são meus sócios mais cúmplices e sempre serão os maiores e especiais MVP´s da minha vida. Crio filhos respeitosos, crio filhos questionadores. Filhos que cuidarão do planeta respeitando a natureza e seus recursos finitos e entendendo a diversidade. O que aprendo com eles, diariamente, é que: se a mamãe está feliz trabalhando, eles também estarão. Se a mamãe é ação, eles são sempre a razão para tudo isso.