Hoje, mais cedo, ao sair para o trabalho, parei para ver as quaresmeiras roxas do meu bairro. Belo Horizonte é uma cidade que nos presenteia de tempos em tempos com árvores floridas. Cada uma à sua época temos o prazer de andar pelas ruas e admirar a natureza florescer.
E me veio à mente…
Saímos de casa todos os dias para o trabalho, fazemos o mesmo trajeto, seguimos na mesma direção, mas será que desfrutamos de verdade da jornada? De agradecer por cada dia, nossa saúde, a oportunidade de ver dias amanhecendo diferentes? Alguns dias vemos o céu azul claro, noutros a neblina sublime, em outros a chuva gostosa.
Será que só seguimos como a boiada o caminho do bebedouro sem ao menos parar e apreciar a jornada?
Eu estava ali, parada, desci do carro, respirei fundo, ouvi o canto dos pássaros e me dei alguns minutinhos antes de seguir o dia. Fiz uma fotografia mental do momento. Céu totalmente azul, montanhas verdejantes após o período das chuvas, contrastando com o verde claro da grama e os arbustos num tom mais escuro.
As quaresmeiras roxas apinhadas de flores lindas, dando aquele tom sutil que contrastava com verde claro. Os meus ouvidos se enchiam de alegria com o farfalhar das árvores e o canto dos pássaros. Meu corpo se aprumou, respirei fundo e, por um momento, fiz questão de fechar os olhos e guardar aquela imagem mental como amuleto.
Que dia de sorte, poder me relembrar que apenas estou na JORNADA DA VIDA, que preciso desfrutar o caminho, mesmo que tenha muitos obstáculos que precisarei resolver. E foi exatamente assim, dia cheio, atribulado, pacientes precisando de minha ajuda, alguns em estado difícil que requeria mais cuidado, zelo na fala e muita energia positiva. Mas a imagem seguia dentro de mim.
Que alimento maravilhoso, poder contar com essa imagem do amanhecer nas redondezas de casa.
Um caminho se faz ao caminhar...Uma vida se faz de muitos caminhos já percorridos. Mas e aqueles que só reclamam da caminhada dos obstáculos?
Lembrei da história seguinte:
“Conta que uma professora deu aos alunos um papel em branco com um pontinho preto no meio, e pediu que fizessem uma redação sobre o que viam. Absolutamente todos escreveram sobre o pontinho preto no papel. A professora, no dia seguinte, ao devolver as redações corrigidas, fez a seguinte observação:
- Vocês viram que escreveram sobre o pontinho preto tão pequenino no papel? E que poderiam ter escrito sobre a infinitude do papel em branco?”
A vida é assim, nos acostumamos a olhar o pontinho preto dos problemas e esquecemos de dar atenção a tudo de bom que acontece à nossa volta.
O que fiz nesta manhã? Olhar o papel em branco e redesenhar meu dia com alegria. Preencher meu ser de SER E ESTAR PRESENTE! Lembrar-me de viver a jornada da vida enquanto estou por aqui.
E, com certeza, isso é uma lição. Aprender a ver com olhos em “zoom out”, ver mais de longe, apreciar o caminho. Ver que as infinitas possibilidades moram exatamente nesse olhar mais aberto, que enxerga o bom em qualquer plano.
Que essa minha visão possa ser a sua também. Que hoje, você possa admirar a vida que rodeia você!